Finalmente uma boa notícia: a SATA apresentou lucros no terceiro trimestre, coisa inédita no meio de uma crise, que afecta sobremaneira o preço do combustível dos aviões.
É verdade que os resultados reflectem a melhor época do ano, potenciada por uma maior procura do nosso mercado turístico e o consequente recorde de passageiros, não sendo de esperar que o mesmo aconteça no final do ano, embora todos desejamos que a nossa transportadora feche as contas no positivo.
Apesar de tudo já é um bom sinal de recuperação, graças, também, à boa organização interna que se voltou a sentir na empresa e ao trabalho fantástico de todos os funcionários da SATA, sabendo-se as condições de incerteza em que vivem e com cortes salariais.
Quando vemos a vergonha que se está passar na TAP, com a passividade total da tutela, devemos dar-nos por felizes não vermos o nome da SATA enlameada em suspeitas de corrupção e má gestão.
É um facto que vamos perder a Azores Airlines enquanto empresa pública, mas estamos crentes de que os novos donos saberão manter a marca e a posição relevante que a empresa representa para todos os açorianos.
Até lá, o accionista e uma nova administração, a nomear até ao final do ano, certamente que farão todo o caminho para que a empresa não perca a sua identidade açoriana e a privatização da maioria do capital decorra sem problemas.
Mesmo que se mantenham os actuais administradores, como parece ser desejo de muitos trabalhadores da empresa, é importante que entre eles haja um conhecedor profundo dos Açores e das suas gentes, de cá e da diáspora, e que faça a ligação com a tutela no processo da privatização.
As pressões são legítimas, mas é preciso não esquecer que a nossa identidade tem de figurar sempre nos objectivos essenciais do ‘core business’ da transportadora.
Não se trata de intromissão política, porque, como muito bem alerta o Presidente da SATA, se queremos uma companhia robusta e com futuro, então deixem a SATA trabalhar e os políticos que se remetam apenas à política.
Já basta o exemplo destes anos todos, em que os governantes foram uma lástima no modo como manipularam a SATA, deixando-nos como herança. a todos nós contribuintes, uma empresa em ruínas e com uma conta bem gorda para todos pagarmos.
Não queremos mais disto.
Outra boa notícia veio do parlamento açoriano; o deputado independente, autor da taxa turística, aprovada com o voto de um PS irreconhecível, veio finalmente admitir que esta não é uma boa altura para implementar tal disparate, propondo o seu adiamento para daqui a dois anos, ou seja, talvez para outra legislatura.
Valha-nos o bom senso!
Osvaldo Cabral
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt