A II edição da Can Azores - Fórum Transatlântico sobre Cânhamo de Cannabis irá decorrer nos dias 29 e 30 de outubro, no Pavilhão das Portas do Mar, em Ponta Delgada.
Farei por estar presente nesta edição, que considero ser uma excelente oportunidade pedagógica e de sensibilização da população para continuar a luta de quebrar tabus e de desmontar mentiras colocadas na agenda popular para benefícios de certas indústrias e do próprio mercado negro.
A questão da “Liberalização da Cannabis” como eu e alguns defendem, não se trata apenas de tentar resolver o problema específico do consumo, da qualidade e dos perigos da atualidade, mas reconhecerá sim, que numa sociedade livre e democrática convivem pessoas diferentes com opções de vida diferentes e as pessoas devem poder fazer escolhas livres e responsáveis à semelhança do que já é permitido com outras substâncias como o Tabaco e o Álcool, cuja proibição no passado trouxe os mesmos problemas atuais que se sente e vive com a Cannabis.
Mas há outros perigos à espreita quando se trata de legislar sobre esta matéria.
As forças políticas do costume, muitas vezes cegas ideologicamente, criam legislação dizendo de forma contínua e propagandista que é para benefício da população, mas logo o tempo trata de mostrar que os efeitos na população são mínimos, mas por outro lado, há beneficiados de larga escala nos poucos que desfrutam do direito a pertencer à indústria.
Que se mantenha a mente aberta mas também o olho, para que não sejam feitas alterações legislativas em prol de uma indústria que, sim, reconheço os benefícios de mais produtores de cânhamo e de cannabis no mercado, mas não sejam hipócritas ou demagógicos quando dizem que tudo é feito em prol do consumidor quando o mesmo continua sem a liberdade de ser auto sustentável, não lhe sendo permitido produzir as suas próprias plantas e deixando essa actividade refém das indústrias, o que me leva a outras questões, se produzirmos cannabis na RAA será permitida a sua venda e exportação livre ou será regulada e estrangulada como é a actividade de plantação e venda de Tabaco? Que Autonomia nos dará a república nesta matéria?
Manter as coisas como estão neste momento também não pode ser solução, não podemos como sociedade permitir e incentivar que a compra de Canabinóides continue a ser feita nas ruas, em locais duvidosos, por pessoas duvidosas, com produtos duvidosos sem critérios de qualidade ou de segurança. Não é difícil que alguém na sua busca por algo tão simples como uma planta seca e pronta a fumar seja enganado ou deixe-se enganar no momento, por falta de disponibilidade de Cannabis e possa ser motivado pelo traficante a levar outra substância, como heroína, cocaína ou as já afamadas sintéticas.
Já o disse anteriormente e repito: “Aqueles que em pleno século XXI ainda estão contra a liberalização, regulamentação, o cultivo e o consumo recreativo da Planta Cannabis Sativa L são os que ganham com a atual situação, os criminosos! Iguais são aqueles que perpetuam o “status quo” e nada fazem.”
Como Liberal e membro do partido Iniciativa Liberal, saúdo e aplaudo os meus companheiros do partido na República, que já apresentaram trabalho legislativo no sentido de criar um regime jurídico aplicável ao cultivo, transformação, distribuição, comercialização, aquisição e posse, para consumo pessoal sem prescrição médica, da planta, substâncias e preparações de cannabis.
Esperemos que a mentalidade dos deputados da Assembleia da Républica Portuguesa se tenha alterado o suficiente para que seja aprovada aquando da sua discussão, até porque agora em maioria absoluta do Partido Socialista, a legalização está refém da boa vontade do PS. Até lá, poderemos discutir estes e outros assuntos relacionados com esta planta já nos próximos dias 29 e 30 nas Portas do Mar.
A todos, um bem haja.
Hugo Almeida*
* Gestor Operacional