O Presidente da ANA, como se lê na notícia aqui ao lado, veio todo pesaroso queixar-se de que os voos nocturnos no aeroporto de Santa Maria dão prejuízo.
Vai daí, a solução radical: fechar os voos nocturnos e esperar que alguém avance com algum subsídio para esta “pobre” empresa equilibrar as contas.
A ANA, quando ganhou a concessão dos aeroportos dos Açores, já devia saber ao que vinha, senão não tinha concorrido.
Veio toda esperta à procura do lucro fácil, como tem acontecido no apetecido aeroporto de Ponta Delgada, o tal que já nem responde às necessidades da procura e que suas excelências negligenciaram nos obras de ampliação da aerogare, sobretudo em tempo de pandemia, para responder, agora, ao elevado movimento no maior aeroporto dos Açores.
Em menos de uma década o aeroporto de Ponta Delgada praticamente triplicou o movimento de passageiros e a ANA já tinha sido vendida, em 2012, aos actuais donos.
A ANA gosta de reclamar quando a contabilidade não lhe favorece, mas nunca se queixa quando os lucros lhe caem no bolso, para distribuir pelos accionistas, sem se preocupar em manter os aeroportos que lhe estão concessionados em perfeitas condições para o movimento de passageiros.
No ano passado, através da sua concessionária Vinci Airports, que gere os aeroportos portugueses, a ANA lucrou 2.597 milhões de euros, mais do dobro do que em 2020, quando registou 1.242 milhões de euros.
Muitos destes milhões foram à custa dos Açores.
Vir, agora, queixar-se de apenas um aeroporto, ainda por cima com a importância estratégica que é o de Santa Maria, só por causa de 185 mil euros, é não ter vergonha na cara e espezinhar o desenvolvimento de uma ilha, como tenta fazer em S. Miguel ao negligenciar as obras fundamentais (e atrasadas) no aeroporto de Ponta Delgada.
Osvaldo Cabral
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt