Há cada vez mais instituições financeiras que prevêem melhorar a remuneração dos depósitos, mas muitas ainda resistem.
O Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, mantém pressão sobre a banca portuguesa.
Com efeito, já por mais do que uma vez chamou a atenção dos bancos para a sua “função social” de remunerar as poupanças das famílias, e voltou a fazer alta pressão junto do sector esta semana, embora tenha pedido aos portugueses “alguma paciência”.
Falando no Parlamento, o Governador do Banco de Portugal ouviu reclamações dos deputados de todos os grupos parlamentares em relação a este tema.
Centeno concordou com eles, afirmou que os bancos já começaram esse caminho de subida dos juros dos depósitos, mas ainda é insuficiente.
“É verdade que as taxas de juro nos depósitos têm e devem acompanhar a evolução das taxas de juro. Já começaram a fazê-lo. Se me pergunta se a dimensão é suficiente, a resposta é clara: não”, afirmou o Governador.
Segundo Centeno, este processo de subida dos juros dos depósitos “está em curso” e ele próprio gostaria que continuasse nos próximos meses.
Esta discussão em torno dos juros dos depósitos não se restringe a Portugal.
Na Zona Euro, ainda há um número considerável de bancos que resiste (pelo menos, para já) a aumentar as remunerações das poupanças das famílias, isto apesar das taxas de referência do banco central terem subido 2,5% desde o Verão passado.
Mais de quatro em cada dez bancos (43%) não vê razões para remunerar melhor os seus depositantes, que nos últimos anos estiveram altamente pressionado por causa da política de juros baixos do Banco Central Europeu (BCE) e continuam hoje em dia sem grandes motivos para sorrir, apesar de o cenário de taxas mínimas ter terminado no verão passado.
Bancos portugueses
são os que pagam menos...
Os bancos da Zona Euro já pagam mais de 1% pelos novos depósitos a prazo até um ano (1,12%), uma subida de 0,9 pontos percentuais em relação a junho (dados do Banco de Portugal a novembro.
Em Portugal, o ritmo de subida tem sido muito mais lento do que os pares europeus: as instituições portuguesas ainda só pagavam 0,31% aos depositantes (mais 0,24 p.p.), o que é 3,5 vezes menos do que a média da Zona Euro.
...E cobram mais comissões
O Governador do Banco de Portugal não quer apenas que os bancos subam as remunerações dos depósitos. Mário Centeno também espera que o sector reduza as comissões que cobram aos clientes “nos próximos tempos”, para que “se reflita” a inversão das taxas de juro dos níveis mínimos (ou mesmo negativos) da última década para mais de 2% actualmente.
Centeno lembrou que os bancos têm de “prestar contas” e não se deve colocar as dificuldades que tiveram “em Portugal há muito pouco tempo”.
Contudo, é um sector que “está em concorrência” e, nessa medida, espera que a normalização da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) se traduza numa redução dos encargos com comissões para os clientes.
“Os bancos no mundo inteiro e em Portugal tiveram de rever, em grande medida, os seus planos de negócios por causa do período muito longo de baixas taxas de juro”, explicou. O cenário mudou, entretanto: “Espero que isso [descida nas comissões] se reflita (…) nos próximos tempos. Acompanharemos de forma próxima essa realidade”, afirmou na Comissão de Orçamento e Finanças.