Diário dos Açores

Joseph Ratzinger/Bento XVI: Coragem de Ser. Verdade e Luz para o Futuro

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BENTO XVI:
“Nunca me senti só” (Bento XVI, 2013).
No “Consistório para o Voto sobre Algumas Causas de Canonização”.     Declaração:
Caríssimos Irmãos
“Convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos cardeais a 19 de abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20.00 horas, a sede de Roma, a sede de S. Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem compete, o conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora, confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.”[negrito nosso]
Vaticano,
10 de fevereiro de 2013,
Benedictus PP XVI. “
(A presente “Declaração”, de Bento XVI, foi lida, na altura, em Latim. Não terá sido por acaso que foi proferida em Latim.)
No Livro “Nunca me senti só. Os últimos discursos do Papa”, está também publicada, antes da tradução, oficial, para Português a Declaração em Latim: “DECLARATIO”. A Afirmação central: “(....). Qua propter bene conscius ponderis huiusactus plena libertate declaro me ministerio Episcopi Romae, Successoris Sancti Petri, mmihi per manus Cardinalim die 19 de aprilis MMV commissore nun tiareita ut a die februarii MMXIII, hora 20, sedes Romae, sedes Petri vacetet Conclave ad eligendum novum Summum Pontifice mabhisquibus competit convocandum esse.
(...)”
Ex AedibusVaticanis,
die 10 mensisfebruarii MMXIII,
Benedictus PP XVI.
O Facto de a Renúncia do Papa Bento XVI ter sido feita em Latim tem um profundo sentido e significado canónico, com implicações em muitas dimensões e aspetos fulcrais da e para a Santa Igreja Católica. Católica significa Universal. “Urbi et Orbi”, para a Cidade e para o Mundo (Para a Cidade Eterna, Roma, e para o Mundo). Como Professor digo muitas vezes - e já escrevi várias vezes – que o Currículo (cv) nasceu nas Letras, a falar Latim: Curriculum Vitae, que é a fórmula e a formulação que ainda hoje se usa nas Instituições Canónicas, designadamente Universidades Católicas e Seculares. Talvez seja Tempo para aprofundar as razões da erosão e do descrédito de supostos conhecimentos, que são, por vezes, paupérrimos. O Verdadeiro Conhecimento e Ciência têm - têm de ter - um Vínculo à Verdade. Sem esse vínculo os ramos secam. Os Ramos têm de estar ligados à Raiz. Cristo afirma: “Eu Sou a Videira, vós sois os ramos”. O “cientismo” é uma degenerescência da verdadeira Ciência e da Atividade Científica, (essas sim, dignas desse nome), é um pos-modernismo, - não pós-modernidade -  mal explicado por quem não pensa pela sua cabeça e não produz conhecimento original, isto é, pensamento próprio. Fala-se em pós-modernidade sem, antes, entender o que é a Modernidade, na sua essência e dinamismo. Leia-se Jürgen Habermas, com quem, aliás, Joseph Ratzinger/Bento XVI dialogou, designadamente sobre a relação entre Fé e Razão, e não só. A divisa do Grande Filósofo Kant era “Ousa Pensar”, que está na base das Luzes, mas no seu sentido genuíno.
Uma nota final sobre o Poder do Verdadeiro Conhecimento e da Verdade, nesta época sem espírito, das “falsas notícias” e dos “factos alternativos”. Para acompanhar aquele Momento Histórico de Bento XVI - não banalizemos os momentos históricos, - dizendo e escrevendo, por tudo e por nada, que é um momento histórico (só para esconder, aparentemente, a bajulação, oportunística, que é perversão- uma banalidade não é um momento histórico, é um desperdício de tempo com discursos vazios, manhosos, de quem já não engana ninguém - dizia, Para acompanhar aquele Momento Histórico de Bento XVI foram destacados muitos jornalistas. Tanto quanto tenho presente - e na altura também foi notícia - só havia na sala uma Jornalista que sabia Latim e face à Novidade e Máxima Importância da Declaração de Renúncia, “para a vida da Igreja” e para o Mundo, de imediato a Jornalista deu, transmitiu, a Notícia ao Mundo, deu a Notícia, em verdade, no momento vivido e transmitido, na Primeira Pessoa, e como Papa, na altura Bento XVI, então Legítimo e Canónico Vigário de Cristo na Terra. Bento XVI foi um Sacerdote de Vocação e Missão, toda a sua vida foi movida por Amor, incondicional, a Jesus Cristo. Essas Pessoas são sempre predestinadas por Deus. Tenha-se bem presente a maldade do “clericalismo” e da hierarquia, quando é perversa e dolosa, não ao serviço de Deus, mas do Maligno, que se insinua de mansinho - como nos adverte, e ensina, o Papa Francisco no Livro “Pai Nosso”, esse “clericalismo” e, em consequência, os doutores entregues à mentira e não à busca da Verdade bem o quiseram – a Joseph Ratzinger, esse Génio - lesar gravemente aquando da sua Prestação das Provas, de alta responsabilidade, Provas para a “Livre Docência”, equivalentes às Provas de Agregação, nas Universidades. Esse facto é explicado, de modo detalhado, pelo próprio Joseph Ratzinger/Bento XVI, já era Papa, no livro “A minha Vida. Joseph Ratzinger. Autobiografia do Papa Bento XVI” (2005). Ao escrever, com o seu punho, e ao narrar esse facto, muito doloroso, na primeira pessoa, o Papa Bento XVI, que também foi Professor de Teologia, quis deixar escrito e dizer ao mundo, abertamente, o que se pode passar de perverso nas Instituições,- Católicas ou Seculares -  que devem ser de Conhecimento, Ciência e Formação, o Papa quis dar a ver as práticas abomináveis nas e das Instituições, quando já não estão ao Serviço da Verdade, na busca da Verdade. Ele que desde a Ordenação, como Sacerdote, no mesmo dia em que o Irmão também foi, com ele, ordenado Sacerdote adotou como Lema: “Colaborador da Verdade”. Nessa altura já via, de perto, e por dentro, o joio e a ambição corrupta do “clericalismo”, de que tantas e tantas vezes fala o Papa Francisco. E a maldade, a patifaria, podia ter sido de tal maneira lesiva para Joseph Ratzinzer - Mas Deus estava com ele, tinha desígnios e Missões para ele - que também no Livro “O Papa, meu Irmão”, um livro-entrevista, da autoria do Irmão, Georg Ratzinger, o irmão refere, de modo claro, a gravidade da maldade que queriam aprontar a seu Irmão, Joseph Ratzinger, aquando das Provas para a Livre Docência. Mas Deus estava com ele.
Certa comunicação social muitas vezes fabrica imagens, - caricatura e distorce-, intencionalmente, o que não corresponde à Verdade – o que não interessa a certa suposta comunicação social. Logo na altura da sua renúncia descreviam-no, erradamente, como o “intelectual”, querendo assim contrapô-lo ao Papa Francisco. A determinada altura quando queriam a intriga danosa, o Papa Emérito Bento XVI veio a público e através de um Jornal, credível, disse, de modo claro, que apesar da natural diferença de estilos, entre ele e o Papa Francisco, havia uma “unidade intrínseca”. Naturalmente. Eram - são - verdadeiramente Homens de Deus.

(Este texto, aqui com alguma reescrita, foi escrito e publicado, originalmente, no dia 31 de dezembro de 2022, na “minha” Página Pessoal de “Emanuel Oliveira Medeiros”, no Facebook. Dia em que morreu o Papa Emérito Bento XVI)

Emanuel Oliveira Medeiros
Professor Universitário*

*Doutorado e Agregado em Educação e na Especialidade de Filosofia  da Educação

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