Bispo apela em Rabo de Peixe a uma Igreja que “encha o coração dos pobres”
Diário dos Açores

Bispo apela em Rabo de Peixe a uma Igreja que “encha o coração dos pobres”

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O livro sobre a história e a vida eclesial e diplomática ao serviço da Santa Sé em Macau de D. Paulo José Tavares foi lançado anteontem à noite na Igreja do Bom Jesus em Rabo Peixe, terra natal do prelado, que morreu em Junho de 1973, em Lisboa. Na sessão de apresentação, o Bispo de Angra elogiou a valorização que o prelado açoriano fez dos ministérios laicais, deixando o apelo a uma Igreja que “encha o coração dos pobres”.
“Nesta noite saborosa, em que vemos como ele está vivo nesta terra que o quer eternizar, aprendi muito e vi leigos empenhados”, disse o Bispo de Angra.
“D. Paulo José Tavares  ficaria feliz por estar aqui porque o seu ministério em Macau revela a valorização dos carismas laicais pois foi ele que levou para lá tantos movimentos que depois foram impulsionados por outros açorianos”, afirmou D. Armando Esteves Domingues, naquela que foi a primeira participação em evento publico desde que entrou formalmente na Diocese no passado dia 15 de Janeiro.
“Como precisamos de leigos; como precisamos desse apelo a uma Igreja que entra e que chegue ao coração dos pobres” enfatizou alertando para uma certa surdez do mundo e dos poderes instituídos.
“Precisamos de o dizer de várias formas: o mundo está surdo e se calhar muitas vozes de autoridades estão caladas; não precisamos de esperar pela palavra do padre ou do bispo que manda, somos todos evangelizadores, precisamos desta voz dos leigos”, concluiu  depois de ter recordado a frase inscrita no brasão de armas de D. Paulo José Tavares: “o amor de Deus contagia e apaixona”.
Da autoria de António Pedro Costa o livro “D. Paulo José Tavares - O bispo diplomata”, editado pela Letras Lavadas, agora com a chancela Pedra-pomes, com o apoio da Cooperativa Ponte Norte e da Câmara da Ribeira Grande, ilha de São Miguel, tem uma dupla função: resgatar a memória deste prelado e perpetuar o seu nome na terra onde nasceu, adiantou o autor, também ele nascido em Rabo de Peixe.
“Este livro não é um livro qualquer; quando aceitei o desafio sabia ao que ia, embora ciente de que seria difícil”, referiu António Pedro Costa, que não deu por mal empregue “as horas e os dias” que dedicou à investigação e à escrita.
O livro narra a história de vida deste açoriano que tinha como futuro garantido a agricultura mas cuja vontade de saber, aliada a uma “grande inteligência”, acabou por ir para o seminário de Angra estudar e depois para Roma, onde ingressou na carreira diplomática até que o Papa João XXIII o nomeou Bispo de Macau, desempenhando um papel relevantíssimo nas relações entre a China maoista e a Santa Sé.
“Foi responsável por fomentar uma acção social fundamental em Macau e também promoveu a educação dos jovens, resistindo com êxito aos ataques da elite comercial de Macau que se aliou à China” lembrou Américo Natalino de Viveiros, que apresentou o livro.
“O produto final (deste livro) juntou a audácia e muita investigação saldando-se num relato da grande parte da vida deste prelado, que era um homem simples e de um ouvido disponível, que chamou muitos à vocação”, referiu ainda Américo Natalino de Viveiros.
O Diretor do jornal Correio dos Açores aproveitou a ocasião para fazer um paralelo entre o papel da Igreja defendido pelo então Bispo de Macau, inspirado pelos ventos do Concilio Vaticano II, e o papel da Igreja hoje.
“Denunciar, realizar e amar… é esta a herança que recebemos do Concílio e de D. Paulo José Tavares”, afirmou.
“É tempo de dizer basta: agarrar a juventude e dizer-lhe que o futuro da sociedade está para além do que nos é vendido nas redes sociais; privilegiar as pessoas, colocando-as no centro” avançou denunciando “o individualismo que se transformou numa praga”, em que cada “ um sente-se munido de direitos mas esquece-se dos deveres de reagir e de actuar”.
“D. Paulo José Tavares deve servir de exemplo ao ter apoiado a formação da juventude, deve servir de modelo pela acção social que fez na diocese de Macau”, disse ainda.
A receita do livro, cujo prefácio é da autoria do cónego João Maria Brum, outro filho da terra, amigo pessoal do Bispo de Macau, reverterá a favor das obras da Igreja de Rabo de Peixe que agora é dirigida por um vigário paroquial, o padre Nuno Pacheco de Sousa, segundo noticia o site Igreja Açores, de cuja autoria é também a foto.

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