“Nunca iremos ter turismo de massas”
Diário dos Açores

“Nunca iremos ter turismo de massas”

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Carlos Morais, Presidente da VisitAzores

Que balanço faz do seu mandato à frente da ATA, agora VisitAzores?
Esta Direção tomou posse a 20 de maio de 2019 com um modelo de direção executiva de 3 pessoas, eu, o Rodrigo, a Raquel e a direção alargada com 9 elementos.
Os primeiros meses foram tempos muito difíceis. Não tínhamos diretor-executivo, nenhum de nós estava a tempo inteiro e era urgente tomarmos o pulso à casa.
A situação financeira encontrava-se débil, com pagamentos a fornecedores atrasados, em alguns casos com mais de 4 anos de atraso.
Estávamos no verão IATA e era necessário pensar rapidamente numa estratégia para o inverno IATA, contratar um diretor-executivo e, mais tarde, um diretor de marketing. Tínhamos de motivar a equipa e fazer alguns ajustes.
Quando definimos uma estratégia para 2020, com plano de atividades e orçamento aprovados em novembro de 2019, estávamos longe de saber o que nos aconteceria em março de 2020.
Tudo teve de ser repensado. Destaco o sucesso da estratégia que aplicámos para a comunicação com os nossos mercados prioritários, que passou pela campanha “Azoresis Taking a Break“, pela qual chegámos a ser reconhecidos internacionalmente mais tarde.
Quando o mercado nacional abriu, lançámos uma grande campanha, “Açores, Seguro por Natureza”, com reflexos no número de hóspedes de dormidas.
Em 2021, ainda sendo um ano de incertezas, soubemos aproveitar a oportunidade devido à nossa notoriedade.
Existiam companhias aéreas à procura de novos mercados e esse trabalho foi feito com grande sucesso, continuando em 2022.
Hoje, os Açores estão ligados ao continente europeu pelas maiores companhias de bandeira desses países, mas não ficamos por aqui.
Do mercado americano, tão importante, relativamente ao qual tínhamos tido o revés da saída da Delta em 2019, em 2022 tivemos uma operação sazonal, praticamente durante todo o verão IATA, com um voo diário da United.
Ainda durante este período de adversidades, tivemos dois processos em tribunal, logo no primeiro ano.
A direção estava convicta das suas decisões e os tribunais vieram a dar-nos razão.
Durante quase quatro anos, fomos reconhecidos com diversos prémios na área do turismo, fizemos o maior número de sempre de ‘press trip’ com foco nas nove parcelas da região e com os nossos mercados estratégicos
Perante os números de 2022, que será o melhor ano de sempre, seria falsa modéstia se não estivesse claramente orgulhoso do trabalho desenvolvido.
É o trabalho conjunto de uma direção e da equipa da VisitAzores com espírito de missão e total dedicação aos objetivos da região.

Em todo este tempo, o que mais de relevante considera no seu mandato?
Eu destaco três pontos: a cada vez maior notoriedade dos Açores, transversal a todas as ilhas; o maior número de companhias aéreas de sempre a voar para os Açores; e as contas certas – hoje pagamos a 30 dias e temos as prestações bancárias em dia.

Apanhou a ATA numa situação de turbulência interna, com uma investigação às contas e à actividade da Direcção anterior. Em que situação se encontra este problema?
Não tenho conhecimento de nada deste processo a não ser o que foi falado pelos órgãos de comunicação social na altura.

Faz sentido a reentrada do Governo Regional nesta estrutura e tomar conta da sua Direção?
A ATA, agora VisitAzores, contou quase sempre com a presença do governo, a exceção foram estes quatro anos.
Por isso, faz sentido a sua reintegração nos órgãos sociais. O trabalho para que isso aconteça está feito.

Como interpreta a hesitação do governo no regresso à estrutura e as palavras duras da secretária regional?
Isto foi um assunto muito discutido com este governo e já lá vão 14 meses.
Não compreendo as hesitações, talvez terá alguma razão mais profunda que não é do conhecimento da direção da VisitAzores.
Da nossa parte, estamos de consciência tranquila pelo trabalho desenvolvido e o fim de um ciclo.

Como sabe, o governo concede apoios a outras estruturas de ilha para promoção turística. Faz sentido fora do âmbito da ATA?
Já defendi anteriormente que não faz sentido.
A entidade para a promoção é a VisitAzores, que tem a preocupação de olhar para as nove ilhas por igual.
Não podemos comunicar sem nenhuma ligação, tem de existir uma estratégia de um caminho para o bem-comum e isso aconteceu neste mandato.
Não podemos ter, neste caminho, nove agências de promoção a gritar, cada uma, para o seu lado.

Que apostas devemos fazer para este 2023? Que mercados devemos apontar? Já vamos tarde?
Os mercados prioritários dos Açores estão definidos e têm respondido muito positivamente.
O trabalho a desenvolver no futuro tem, essencialmente, de se focar na sazonalidade, que já está cada vez mais curta, mas ainda há muito trabalho a desenvolver nos vários segmentos.
Apostaria em congressos e no turismo sénior. Importa mencionar que nesta questão da sazonalidade, as ilhas não estão todas à mesma velocidade.

Devemos temer um turismo de massificação ou estamos longe disso?
Nunca iremos ter turismo de massas.
Os constrangimentos que existem entre 15 julho e final de agosto já existiam.
O que tem de ser feito é uma reorganização de alguns espaços onde se verificam esses picos.
O governo tem de atuar o quanto antes, e também na questão dos transportes públicos.
Temos hoje o mesmo modelo que tínhamos há trinta anos, não faz qualquer sentido.

jornal@diariodosacores.pt *

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