Diário dos Açores

Perguntas pertinentes

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Numa das habituais conversas de café, num dos estabelecimentos históricos do centro de Ponta Delgada, surgiram duas perguntas que levaram a uma muito interessante troca de argumentos. Ora vejam lá e tirem as vossas conclusões…
i. Passado com futuro?
A primeira pergunta, de âmbito mais genérico, foi a seguinte: Acreditas que é possível fazer diferente com os mesmos do passado? O interlocutor, estimado amigo com muitas maratonas políticas nas pernas, tinha obviamente em mente a política regional. De qualquer forma, ainda fiz uma incursão pela política nacional. Socorri-me para tal de Mário Soares que foi duas vezes Primeiro Ministro. Entre a saída em 1978 e a (re)entrada em 1983, a referência maior do Partido Socialista foi, formalmente ou na sombra, líder da oposição. Não querendo minimizar o papel que tem na História de Portugal, a verdade é que a segunda passagem de Mário Soares pelo poder abriu caminho a 10 anos de governação de Cavaco Silva. Mais recentemente, e como “realidade” mais comparável, tivemos Passos Coelho. O então presidente do PSD, que até viu a sua coligação ser a força política mais votada, passou para a oposição e ficou no Parlamento cerca de 2 anos sempre na expetativa do “Diabo” chegar. Como não chegou, foi embora, a geringonça “morreu” e o PS tem maioria absoluta. Tudo isto para demonstrar que é extremamente difícil passar do poder para a oposição e almejar voltar ao poder. E mais difícil se torna com o passar do tempo. A espera pelo tal “Diabo” é penosa. A mensagem não passa. O passado pesa. E pesa mais quando os mesmos prometem fazer diferente. Não acho que seja impossível, mas é extremamente difícil. De qualquer forma, foi consensual a opinião de que a palavra cabe sempre aos eleitores e que o poder não se conquista, perde-se…
ii. Quo vadis Ponta Delgada?
A segunda pergunta foi sobre Ponta Delgada e rezava assim: o que se passa na gestão de Ponta Delgada? Com o humor que me é característico, lembrei-me de dizer que o atual presidente está a trabalhar bem para lançar um livro extremamente didático no final do mandato. Um livro? - perguntou desconfiado o meu bom amigo. Sim, respondi eu. E até é mais correto dizer um manual intitulado “Como não governar uma autarquia!”. Tal é a quantidade de erros, trapalhadas e outras tristezas num longo primeiro ano de mandato. A última diz respeito a um concurso de ideias que vai terminar (?) numa alegada “intervenção suave” no centro histórico de Ponta Delgada e que segundo li visa “humanizar a cidade”. Desconheço o que vem aí, mas temo pelo que virá. Nada do que é feito em segredo, ou pelo menos nas costas da população, traz coisas boas. Podia ser diferente? Podia, mas se calhar vai ter de ficar para 2025….

Hernani Bettencourt*
*Jurista

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