Diário dos Açores

O mundo mudou, o PCP não!

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Assinalou-se, no passado dia 24, uma lamentável efeméride. Refiro-me à guerra na Ucrânia. Já passou 1 ano desde que um tirano ordenou a invasão à Ucrânia. Decorrido 1 ano, temos um rasto de centenas de milhares de mortos; milhões de cidadãos Ucranianos refugiados dentro e fora da Ucrânia; cidades e lugares totalmente arrasados; muitos milhões e milhões estupidamente gastos em armamento; pacotes sucessivos de sanções ao país do ditador e invasor e muitas cimeiras, reuniões e encontros ocorridos nos países democráticos por forma a continuar a possibilitar que o heroico povo ucraniano resista.
Perante o que todos vemos, Portugal e todos os demais países democráticos europeus têm estado convictamente ao lado da Ucrânia. A Europa, cujos valores fundamentais assentam na liberdade e solidariedade, sabe o que significa a Ucrânia e, simultaneamente, sabe a dimensão trágica da ambição do ditador imperialista. A Assembleia da República decidiu, simbolicamente, cumprir um minuto de silêncio pelas vítimas da guerra da Ucrânia.
O PCP, que vive seguramente num mundo próprio, não marcou presença na iniciativa e fez questão de divulgar um comunicado. E o que constava desse comunicado? Talvez até seja o normal de um partido que cada vez mais tem o destino traçado, mas não deixa de me surpreender. O PCP até pode mudar de líder, mas a cartilha elaborada antes da queda do Muro de Berlim mantem-se inalterada. Só isso pode explicar, sem qualquer sucesso, que este partido continue a defender ser de “particular gravidade o posicionamento de submissão do Governo português perante a “escalada armamentista na Ucrânia” e, em consequência, sustentar “ser premente que os Estados Unidos, NATO e União Europeia cessem de instigar e alimentar a guerra”. E, como seria de esperar, o PCP termina o seu lamentável comunicado com a sua visão de sempre.
 Dizem-nos os comunistas que a “realidade está a demonstrar que sendo apresentada como uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, esta é, de facto, uma guerra dos Estados Unidos da América e da NATO com a Rússia, no quadro da estratégia de domínio hegemónico do imperialismo norte-americano”.Eu, que até consigo ver inegáveis méritos na atuação do PCP que figurarão sempre na História Política Portuguesa, lamento que o partido de Álvaro Cunhal continue a sua cegueira ideológica contra fantasmas. Esta cegueira, conjugada com outros alheamentos da realidade, vai levar o PCP ao desaparecimento dos palcos políticos principais. E até aposto que a culpa será imputada aos capitalistas, imperialistas e outros “istas”. Que não incluem, obviamente, os próprios comunistas!

Hernani Bettencourt*

*Jurista

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