Diário dos Açores

Marquês Jácome Correia: O Parente Pobre

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Mais uma vez, o Estádio Municipal Marquês Jácome Correia é notícia pelas piores razões. O principal recinto desportivo dedicado à prática do futebol do maior Concelho dos Açores, alberga centenas de jovens, de vários clubes, mas está interdito há cerca de um mês e não tem data de reabertura.
Vamos aos factos: 19 março passado, cai um Ulmeiro (árvore), dentro do recinto desportivo (topo norte), numa hora, que, felizmente, não se encontrava ninguém dentro do mesmo. Ulmeiro este (para quem conhece o recinto), foi “incorporado” aquando das obras de requalificação do campo, originado um redondo na cabeceira norte do campo. A sua queda era de todo previsível, uma vez que apresentava uma grande inclinação, raízes visíveis e um estado de degradação tal, que só faltava “acertar no dia”!
A proteção civil municipal, juntamente com as entidades governamentais (Direção Regional dos Recursos Florestais - Secretaria Regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural), decreta a interdição do espaço. Porém, os mesmos argumentos que serviram para a interdição do dito recinto, já não serviram para a interdição da utilização do edifício do lado poente do Relvão, da Universidade dos Açores… estranhas decisões! A entrada para o Instituto Margarida de Chaves (feito pela entrada Sul), passou a ser feito pela entrada Norte.
Desde então, têm se assistido a vistorias, atrás de vistorias (segundo rezam os comunicados feitos pela Câmara e pelo Governo), estando já identificados várias árvores em declínio vegetativo. Mais três ulmeiros foram, entretanto, abatidos, procedendo a Direção Regional, atualmente, à análise de todas as árvores.
É de conhecimento público que todas as árvores, que habitam há anos sem fim, a Alameda Duque de Bragança (Relvão), se encontram em avançado estado de degradação.
Para além do impacto que tal interdição tem no treino e na prática competitiva federada de centenas de atletas de vários clubes, o emblemático Torneio Internacional do Clube União Micaelense (CUM) teve de ser deslocalizado para o campo do Lajedo. A participação do CUM no Campeonato dos Açores (assim como os treinos da equipa sénior) foi alterada para o campo dos Arrifes e outros clubes, para o campo do desportivo de São Roque. Outros escalões foram forçados a deslocar-se para o complexo desportivo da Ribeira Grande, com os problemas inerentes, para atletas e familiares.
Até aqui…segurança, em primeiro lugar!
Todas as medidas preventivas foram bem tomadas.
Quanto ao futuro, e mais concretamente à solução do problema?
Aqui é que começam as dúvidas e o “comodismo” instalado nas decisões.
Há poucos dias, saiu um novo comunicado informando que o campo está “definitivamente” interdito, até ao final da época desportiva 2022/2023.
Plano de ações para resolver o problema?
Não há!
Da Direção Regional dos Recursos Florestais, a informação de que estão a analisar as árvores, uma a uma (a que ritmo?) e, sabe Deus, quando irá terminar esse processo.
É passar pelo Relvão e perceber que nada está a ser feito…e a ser feito, está a ser a um ritmo que nem no início da próxima época 2023/2024 deverá estar concluído.
Da parte da Câmara Municipal, a “posição confortável” de que aguarda o parecer da Direção Regional… até lá, e por razões perfeitamente entendíveis, mantém o recinto interdito.
É nestas alturas que se pedem políticos assertivos e ao lado dos cidadãos.
A próxima época desportiva não pode estar condicionada à agenda das secretarias governamentais, se tem mais ou menos recursos humanos, se têm menos ou mais vontade em resolver o problema.
Mais do que elencar os problemas, exigem-se soluções.
Qual é o plano de ação?
Abater todas as árvores?
Abater algumas?
Quanto tempo irá demorar este processo?
Julgava eu que todo este processo seria resolvido em poucas semanas (pelo menos definir um plano, com datas concretas), uma vez que Câmara e Governo agora são da mesma cor partidária (e como o povo diz e bem “…entendem-se melhor” …), mas se nada for feito, caminhamos para mais um problema, desta vez com o desporto jovem (bandeira tão “querida”, usada pelos nossos candidatos a governantes, pela altura das eleições).
Estamos a falar do recinto desportivo que serve a cidade de Ponta Delgada.
“Pior que uma má decisão, é não tomar nenhuma” … Este caso, tem tudo para ser mais uma “novela”, a juntar a tantas outras, para os quais os “eleitos pelo povo”, têm de ser eficazes e objetivos, na resolução do problema.
Haja vontade de todos! Os desportistas agradecem!

Luís Miguel Quental*

*Vice-coordenador da Iniciativa Liberal

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