Divagação XXIV
As águas do ano anterior foram fartas. Que o digam os campos e as bancas dos mercados, que agora se pintalgam de verde.
Encontrei as ervilhas verdes em Santo Antão, algumas ainda nas suas vagens, outras já nas mãos da Dona Joana, sonhando com o petisco que se avizinhava.
Nos mercados, as ervilhas verdes aguardam os clientes dentro de garrafas de água: uma medida certa e uma embalagem agora colorida, fintando temporariamente o seu mais que certo e pobre destino.
Coisinhas, curiosidades XXIV
Poderá parecer uma redundância chamar de verde às ervilhas, mas esse verde desaparecerá quando secarem. Transformam-se então nos famosos feijões ervilha que alegram as cachupas de Cabo Verde.
Em São Vicente, e na maioria das ilhas de Cabo Verde, as garrafas de plástico são reutilizadas para vender produtos, guardar sumo (vendido em pó) e outros líquidos. Algumas são cortadas para servir de funil ou taça para tintas. Se o vento não as leva para o mar, acabam por ser queimadas nas lixeiras. Em obsceno contraste com a alta velocidade da tecnologia móvel da comunicação!
Um abraço,
Ana
por Ana Roque de Oliveira *
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