As taxas de juro voltam a subir mas (apenas) 25 pontos base.
Esta é a subida mais ligeira desde que as taxas de juro da zona euro começaram a aumentar para combater a inflação.
No comunicado divulgado após a reunião de política monetária, o BCE refere que “a inflação ainda está bastante elevada”, apesar de ter recuado nos últimos meses.
“À luz das actuais pressões inflacionistas elevadas, o Conselho do BCE decidiu aumentar as três taxas de juro directoras em 25 pontos base. (…) A inflação global desceu nos últimos meses, mas as pressões subjacentes sobre os preços permanecem fortes. Ao mesmo tempo, os anteriores aumentos das taxas de juro estão a repercutir‑se vigorosamente nas condições de financiamento e monetárias na área do euro, ao passo que os desfasamentos e a força da transmissão à economia real continuam a ser incertos”, sustenta a instituição liderada por Christine Lagarde.
Quanto ao futuro, o Conselho do BCE admite que “as taxas directoras sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos para lograr um retorno atempado da inflação ao objectivo de 2% a médio prazo e sejam mantidas nesses níveis enquanto for necessário”.
Com esta subida, a mais ligeira das últimas sete consecutivas, “a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito serão aumentadas para, respetivamente, 3,75%, 4,00% e 3,25%, com efeitos a partir de 10 de Maio de 2023”, especifica o comunicado.
Minutos depois, na habitual conferência de imprensa, Christine Lagarde reiterou que o Banco Central ainda tem “caminho a percorrer” e que não está a fazer uma pausa, pelo que provavelmente continuará a aumentar as taxas de juro nos próximos meses, mas não disse até onde irá esse aumento.
“Saberemos qual é a taxa de juro suficientemente restritiva quando lá chegarmos”, disse a Presidente do BCE, admitindo que as pressões sobre os salários tornaram-se mais fortes.
Esta reunião de política monetária do BCE decorreu esta Quinta-feira, sublinhe-se, num momento em que a situação nos mercados financeiros acalmou, depois da forte turbulência que se fazia sentir, aquando da última reunião, em março
Para o Verão, os economistas prevêem que as taxas de juro cheguem a máximos dos últimos 22 anos e admitem que ainda poderá ser cedo para o BCE começar a ponderar acabar com este ciclo de aumentos, que já vai em sete subidas consecutivas.
Menos crédito à habitação
Em Portugal, o montante concedido em créditos habitação está a emagrecer há oito meses consecutivos. E o Banco de Portugal (BdP) explica porquê: é precisamente a subida das taxas de juro que está a contribuir “fortemente” para reduzir a procura de empréstimos habitação no nosso país. A expectativa é que a procura por financiamento bancário para comprar casa continue a cair, muito embora os bancos estejam a baixar spreads “ligeiramente” para captar clientes.
As taxas Euribor estão em máximos de 2008, acima de 3% e rumando para patamares superiores. Isto quer dizer que os créditos habitação de taxa variável estão cada vez mais caros. E as alternativas não são animadoras, já que os custos dos empréstimos de taxa fixa estão igualmente elevados.