Açores com quebra de 22% no registo de novos alojamentos e restaurantes
Diário dos Açores

Açores com quebra de 22% no registo de novos alojamentos e restaurantes

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O aparecimento de novos estabelecimentos de alojamento e restauração nos Açores está em contraciclo com a tendência nacional.
De acordo dados recolhidos pela Informa D&B para o DN/Dinheiro Vivo, agora revelados,  os Açores foram a única região em que se verificou uma quebra, com menos 22% dos registos face ao primeiro trimestre de 2022.
O primeiro trimestre do ano fez-se de sinais positivos para o setor do alojamento e da restauração a nível nacional, que viu o número de novas empresas crescer 16% face ao período homólogo.
Até março, foram constituídas mais 204 novas empresas do que em 2022, num total de 1503.
Nos primeiros três meses do ano o número de encerramentos caiu 3,2%, para 329 e as insolvências - 62 iniciadas até março - mantiveram-se praticamente em linha com o ano passado, com uma ligeira subida de 1,6%.
Olhando para o mapa nacional, o Alentejo foi a região que ganhou maior fôlego com um crescimento de 40% nas novas empresas criadas, seguida do Centro que viu os novos registos avançarem 37%.
Do lado oposto, apenas os Açores registam quebra.
Numa leitura mais fina, a consultora detalha que o segmento do “alojamento de curta duração” foi o que registou maior crescimento no primeiro trimestre (33%) com 290 registos.
Seguem-se os “cafés e pastelarias” com 212 novos registos (+19%) e a “restauração” com 772 novos estabelecimentos (+13%).
Menos atrativa tem sido a franja de negócio das “bebidas” e “hotelaria e turismo rural”, que não só registou os menores crescimentos (1,2% e 5,1%, respetivamente) como viu aumentar o número de encerramentos (19% e 16%).
A Informa D&B atualiza ainda os dados acumulados de 2022, que mostram também uma recuperação de 21% em comparação com 2021, com 4617 novas empresas criadas.
Ainda assim, a confiança dos empresários não igualou os níveis pré-pandemia e os novos registos estiveram 11% abaixo de 2019 (5167 novas empresas).
A Promover e Inovar a Restauração Nacional (PRO.VAR) olha com cautela para estes dados.
“Há empresas que conseguiram continuar a crescer e até abrir novas empresas, especialmente em locais turísticos. No entanto, é importante notar que a abertura de novos restaurantes de fast food se faz a muito bom ritmo, enquanto assistimos ao encerramento de restaurantes tradicionais portugueses”, detalha o presidente Daniel Serra.
O responsável da associação que representa os restaurantes do país mostra-se preocupado com os negócios tradicionais, que se encontram estrangulados com a inflação e com as perdas da pandemia, e defende que é “é importante que sejam implementadas medidas de apoio para garantir a sobrevivência e o crescimento das empresas, bem como a preservação da cultura e tradição gastronómica portuguesa”.
Daniel Serra recorda que “o setor tem sofrido com o aumento de custos, em particular o aumento dos custos de matérias-primas e recursos humanos, o que tem impactado negativamente as margens de lucro das empresas”.
“A maioria das empresas do setor da restauração ficaram sobre-endividadas durante o período pandémico, tiveram que recorrer a empréstimos para cobrir os prejuízos, e muitas vezes fizeram-no tomando decisões de gestão “irresponsáveis” e de alto risco, mas fizeram-no por indicação expressa do governo, que prometera que logo que a pandemia fosse debelada, seriam ressarcidos dos prejuízos. Infelizmente isso ainda não se veio a verificar”, lamenta o presidente que diz “manter a esperança de que o governo venha a implementar medidas para compensação dos prejuízos”. “Se isto não for feito, a saúde financeira de muitas empresas continuará muito débil e a recuperação económica levará ainda mais tempo, sendo que muitas delas não resistirão, perdendo-se milhares de importantes empresas que representam a cozinha tradicional portuguesa, substituindo-se por outras com modelos de negócio mais capazes de se adaptar ao atual contexto económico, mas que pouco ou nada tem a ver com a nossa cultura e tradições”, alerta.

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