Artistas, escritores, compositores e outros criativos costumam desabafar comigo as suas dúvidas. Perguntam-me se sua arte é boa o suficiente, se estão no caminho certo, se eventualmente terão sucesso. Meu melhor conselho é sempre: continua fazendo o trabalho.
Quando estás fora do processo criativo, dúvidas e medos podem dominá-lo. É só por dentro, quando estás realmente escrevendo, compondo e criando arte, que encontras a confiança necessária para seguir em frente. Quanto mais trabalho tenho, mais quero fazer! E, vejo isso pelo mundo das artes. Artistas ocupados são os melhores parceiros.
Produzir incentiva mais produção.
Se estás desanimado com teu progresso no mundo da arte, deixa que ela te lembre do que realmente importa. Se estás sobrecarregado com desafios na vida pessoal, deixa a tua arte centrar-te. Se está com dúvida do teu próprio trabalho, lembra-te do valor de o fazer.
Tantos artistas cresceram numa família de céticos. Estudar arte, teatro ou música não é prático, eles disseram, “podes fazer isso como um hobby depois de conseguir um emprego de verdade.” Artistas que conseguem seguir uma carreira artística, apesar de tais conselhos, ainda ouvem essas vozes. Continuar fazendo arte é a melhor forma de silenciá-los.
Nunca foi fácil sustentar uma vida como artista. Mas se escolhes a fazer, alimenta-te honrando o processo de criação artística. Quando tua vida estiver complicada, voltar ao estúdio irá simplificá-la.
Construir a tua confiança é um processo incremental, então, encontra tempo todos os dias para trabalhar na tua arte. Se foi um longo período de seca, dá passos de bebê. Dez ou vinte minutos no início, depois uma hora, depois uma tarde. Não julgues esses primeiros resultados com muita severidade. E, acima de tudo, não limites tua imaginação.
O Azores Fringe Festival foi fundado para ajudar o artista a produzir, a seguir seus passos. Estamos a celebrar a décima edição este maio e junho de 2023, por todo o arquipélago dos Açores. Desde filme, vídeo experimental, teatro, música, pintura, escultura, desenho, são mais de duas centenas de criativos, de 30 países, que dão seu nome ao festival deste ano. Não participas desta vez -não faz mal- prepara-te para a próxima. E, lembra-te de um dos meus motes: estás vivo, vamos fazer!
Terry Costa *
* Diretor Artístico, MiratecArts