Diário dos Açores

No rescaldo das festas - 2023

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De Relance …

O SENHOR PASSOU… no seu mais que tricentenária percurso de Fé e de Esperança à cidade de Ponta Delgada, abençoando todos os peregrinos - que foram aos milhares – quer em presença física, quer espiritual, através de representações que envolveram os Açores, Portugal, a Diáspora e outras nações onde continua a manifestar-se o culto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres.
Só mesmo uma dádiva do Céu – sob a protecção de Madre Teresa da Anunciada - seria capaz de transformar esses rochedos que emergiram do mar, por via das convulsões vulcânicas, num Santuário Cristológico e até Mariano, este por via da Senhora da Esperança «… onde dele o Senhor pede tudo e em troca oferece a vida verdadeira, a felicidade para a qual fomos e devemos ser criados», como afirmou o ano passado o Cardeal Tolentino Mendonça.
Em uníssono, todos rejubilaram por mais esta passagem gloriosa que «sobreviveu» à pandemia e às duras tempestades que daí advieram nos mais diversos campos da vida açoriana, alterando mesmo comportamentos nem sempre fáceis de reparar!
Mas o Senhor do Perdão e da Misericórdia a todos abençoou do alto do seu andor, sempre que O fixaram no olhar, pisando lindos tapetes de flores e outros ornamentos, quer dando palmas ou mesmo na significação dum beijo muito terno, à distância…
E, uma vez mais, entre vivas e louvores, voltou ao coro baixo do Convento, para continuar a ser venerado em toda a roda do ano por tantos e tantos devotos.
Até p’ro o ano, Senhor Santo Cristo! … foi  o sentimento muito íntimo que cada um expressou - e que também sempre o fiz - mas só através das  magníficas imagens  que, sucessivamente  e de todos os ângulos,  a RTP-Açores nos pode transmitir.
Que o Senhor Santo Cristo me conceda mais esta graça de poder assistir ao novo Encontro-2024, com paz e saúde, tal como desejo a todos quantos, como eu e em família, também aspiram!

O BISPO D. ARMANDO ESTEVES DOMINGUES foi o peregrino de «honra» que pela primeira vez participou e presidiu às celebrações religiosas e muito nos cativou pela palavra e pela doçura e alcance da mensagem que nos quis transmitir.
Foi, de facto, o Pastor que os Açores ansiavam, o imediato conterrâneo por adopção, que trouxe na bagagem naturais interrogações e veio também com certezas; pois, em tão pouco tempo, tem demonstrado, face às «realidades» diocesanas, respostas de unidade, de entreajuda e de confiança, quer junto do clero, das ordens religiosas, dos leigos comprometidos nas obras da Igreja e do povo de Deus que já contactou.
É caso para dizer: Louvado seja Deus!
Igualmente, a sua presença nesta festa em honra do Senhor Santo Cristo, confirma aquilo que se sabia do seu dinamismo pastoral e que, repito, o meu pároco, o Dr. José Paulo Machado premeditou no jornal «A Crença»: «É o único Bispo-Auxiliar que servirá para os Açores!».
As homilias que proferiu e os encontros que manteve com os jovens, não só constituíram momentos de reflexão e de entreajuda, como ainda orientações adequadas ao nosso tempo, a desenvolver nos campos da pastoral diocesana, da doutrina social da Igreja e dos consequentes movimentos paroquiais.
Foi uma «prova de força» conseguida e um desafio a todos os peregrinos com base no mote: «Levanta-te e Caminha… sai do teu comodismo! …», em sintonia com a mensagem do Papa Francisco para a Jornada Mundial da Juventude, no próximo mês de Agosto, em Lisboa.
Aliás, pela oportunidade de divulgação dessas mensagens e homilias, atrevo-me a sugerir que as mesmas deveriam ser transmitidas aos irmãos da Irmandade, às paróquias e movimentos, para reflexão e conclusões, pois toda a temática expandida constituem temas que envolvem a sociedade açoriana.

A NOVA ESTÁTUA DA MADRE TERESA – que, escusadamente, tanta água tem derramado - … permaneceu firme e de pé como as árvores, carinhosamente abraçada pelos devotos indiferentes às «tricas» que não deviam acontecer, sobretudo em vésperas da festa em honra do «seu» Senhor …
E, por uma coincidência feliz, é sempre nesta 5ª feira de Ascensão, de encerramento, que o Santuário da Esperança, celebra uma missa de Acção de Graças, pedindo a beatificação que tarda; e, este ano, coincide com a data da sua morte, em 16 de Maio de 1738.
Pelo que pude entender, ainda não há respostas definitivas sobre se a estátua fica ali ou será removida para outro lugar (fala-se junto da «roda» do Convento), mas creio que os devotos, já deram o seu consentimento.
Parabéns ao cónego Adriano Borges e aos seus cooperadores, pela forma como nos actos litúrgicos ou de  cultura religiosa, organizaram o programa que lhes coube, bem como ao padre Duarte Melo por tudo o que decorreu na Igreja de S. José.
De assinalar, o convite que foi feito ao padre Júlio Rocha, pároco na ilha Terceira, para pregar o tríduo preparatório e outras eucaristias festivas; e também a vinda até nós do coro de Santa Catarina, sob a regência do padre Marco Luciano, pároco da Matriz da Horta.
Tudo isso, muito contribuiu para reforçar a unidade  açoriana!

AS FESTAS EXTERNAS foram, como sempre, o segundo abraço dos irmãos peregrinos, a alegria da comunicação da família, dos vizinhos, dos amigos e parentes que se reencontraram muitos, após anos de ausência, mas todos num saudável reavivar de amizades….
As acessíveis tarifas da SATA permitiram que novos romeiros das restantes ilhas dos Açores viessem até nós sobressaindo que, para além das celebrações em honra do Divino Espírito Santo, também as do Senhor Santo Cristo passaram a ser as festividades de todos os açorianos, com significação especial para os santuários do Senhor Bom Jesus do Pico, da Graciosa e de S. Jorge.

A retoma da «Festa do Emigrante» realizada no Coliseu Micaelense, por iniciativa do nosso Município constituiu também um ponto alto, que se liga com o Feriado Municipal.
O Campo de S. Francisco foi a nossa sala de visitas, onde todos os encontros são possíveis, sobretudo no arraial com os sucessivos concertos com filarmónicas; e, no meu tempo, os «entendidos» travam-se de razões para classificar qual a melhor!
A banda da Fajãzinha das Flores foi a convidada especial: deu um concerto e foi entrevistada no Programa «Atlântida» por Sidónio Bettencourt, uma presença que noutros tempos seria impensável, mas só possível, porque a Região vive «novos» dias e, ainda bem!
A Mesa da Irmandade, presidida pelo Provedor Carlos da Costa Faia e Maia, aos seus colaboradores, decoradores, mestres, escuteiros, polícias, bombeiros, todos estiveram à altura dos trabalhos de que foram incumbidos.
E a procissão de domingo veio também acrescentar um  olhar de beleza e de cor sobre a cidade, por via dos seus moradores que, ao confeccionarem  lindos tapetes  em todo o percurso, ou decorando também varandas e janelas,  com arte e bom gosto, igualmente contribuíram para que, os de cá e os de lá, em visita - agora às centenas - estes trazidos pelas belezas naturais da ilha, muito contribuíram para o que é (creio eu!) o «turismo religioso» .
Que, com motivação e muita esperança, cada um possa dizer e aspirar: «Até p’ro ano, Senhor Santo Cristo»!

Rubens Pavão *

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