Diário dos Açores

O lamaçal

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O país político está transformado num autêntico lamaçal.
O que assistimos durante esta semana é apenas a confirmação de que não somos governados por gente decente, mas por pessoas que põem a sua pele à frente dos interesses do país, mentindo a toda a hora, resolvendo os problemas ao sopapo e arrastando as instituições para uma degradação nunca vista.
Por menos do que isto António Guterres demitiu-se, corajosamente, quando era um primeiro-ministro sem poder para controlar o que chamou de “pântano”.
Guterres foi íntegro politicamente e hoje está onde está.
António Costa não possui a mesma decência, está envolvido no lamaçal ao segurar o ministro trapalhão Galamba e, com tudo isto, perde credibilidade para ocupar qualquer cargo na Europa. Nunca será um segundo Guterres.
O Presidente da República, que gosta de ver ao longe, arrisca-se a levar com os respingos de toda esta lama política, caso continue a assistir a toda esta degradação, na varanda do seu palácio, sem mostrar mão firme perante um país desgovernado e degradado.
Depois do que assistimos nestes dias, que autoridade moral e política tem o ministro das Infraestruturas para decidir sobre assuntos tão cruciais para o país, a começar pelo futuro da TAP?
Que autoridade tem António Costa ao segurar ministros sem credibilidade, confrontando o Presidente da República e demonstrando que não tem mão na governação?
E o escandaloso papel do SIS em todo este filme de terceira categoria?
Hitchcock, se fosse vivo, tinha aqui um guião fantástico para mais um filme policial, com protagonistas profissionais do crime, da ansiedade, do drama, terror, sequestros e burlesco.
Como escreveu, com a sua conhecida e implacável ironia, o nosso amigo escritor Urbano Bettencourt, “havia o romance sentimental e o romance policial. Agora passou a haver também o romance infraestrutural (que até tem alguma coisa a ver com o género policial).  É um género de invenção lusitana, suportado pelo discurso directo (paleio dialogado) e pelo erário público; a acção passa-se em ambiente fechado (propício à  claustrofobia e às tonturas) e conta com um  número variado  de protagonistas (nenhum deles  recomendável)”.
Realmente, os protagonistas de todo este lamaçal não são recomendáveis a ninguém, muito menos a um país e a um povo que acaba sempre por sofrer as consequências de tanta vergonha.
Sócrates, ao pé destes seus camaradas, é um menino de coro.

Osvaldo Cabral *
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

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