Há 13 doentes internados no HDES
Diário dos Açores

Há 13 doentes internados no HDES

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Nova vaga de Covid?

Há quem fale em nova vaga de Covid e a OMS já tinha alertado, no final do ano passado, que havia essa possibilidade porque o vírus continua a circular e, agora, com mais variantes.
Muita gente nos Açores tem sido infectada nas últimas semanas e, de acordo com fontes médicas, a origem poderá estar, especialmente, nos vários ajuntamentos que se voltam a verificar na região, sobretudo em festas.
Nos primeiros meses deste ano o índice de trnasmissibilidade nos Açores era dos mais altos do país.
Uma vez que grande parte da população está vacinada, a infecção é considerada por muitos como uma constipação ou gripe, mas alguns não resistem a sinais de agravamento.
O “Diário dos Açores” confirmou que, neste momento, existem 13 doentes internados no Hospital de Ponta Delgada (HDES), positivos para SARS-Cov-2, mas nenhum em situação grave.
Segundo a administração do hospital, “os doentes estão alocados em diferentes enfermarias, de acordo com a sua situação clínica e estão asseguradas as medidas necessárias e tidas como adequadas a cada caso.”
A mesma situação se vive no país, onde continuam a surgir vários casos, embora não existem relatos de gravidade extrema.

O risco de um novo surto

Contactado pelo nosso jornal, o médico Mário Freitas, especialista em Saúde Pública e colunista semanal deste jornal, que aborda regularmente estes assuntos, recordou-nos que “quando a Organização Mundial da Saúde declarou (no dia 05.05.2023) que a pandemia do COVID19 já não era uma emergência de saúde global, o diretor-geral da OMS alertou que o anúncio “não significa que o covid-19 acabou, como uma ameaça à saúde global”. Na mesma altura, especialistas alertaram que há cerca de 20% (podendo ir até 40%) de probabilidade de, durante os próximos 2 anos, ocorrer um surto tão grave quanto o da variante ómicron”.
 Mário Freitas confirma que “o potencial dos ajuntamentos em espaços fechados aumentar o número de infecções permanece elevado, como os casos associados a conferências científicas. O vírus continua a ser uma das 10 principais causas de morte este ano, com as mortes concentradas em indivíduos mais velhos e imunodeprimidos”.
 O médico cita Eric Topol, diretor do Scripps Research Translational Institute, sublinhando até que “a maioria das pessoas não entende que este vírus não se vai embora”. E, estando sempre “por aqui”, sendo endémico, pode sempre, a qualquer momento, tornar-se de novo um problema grave.
“Parece-me claro que a declaração da OMS foi mal interpretada, e deu a ideia aos menos informados que tudo tinha acabado, levando a que se baixasse muito a guarda… “, comenta Mário Freitas.
Segundo o médico especialista em Saúde Pública, “a ventilação e o arejamento são fundamentais, mas a adaptação das infra-estruturas a este Novo Tempo é um processo demorado, e que exige investimento. Por isso, por prudência, em situações de risco acrescido, o uso de máscaras, o distanciamento, a lavagem das mãos, o arejamento continuam a ser fundamentais, sobretudo se há pessoais frágeis e imunodeprimidos num espaço”.

O que se deve fazer, então?
 
Questionado sobre como devemos agir, Mário Freitas responde: “Vigiar o vírus. Colocar um sistema de vigilância, tal e qual como as  “câmaras de vigilância” servem para proteger a comunidade. Objectivamente, o investimento com essas “câmaras de vigilância” é, e será sempre, mais barato do que os custos que podem advir se num futuro próximo tivermos de passar, de novo, por medidas lesivas da liberdade dos povos”.
E acrescenta: “Agora é tempo de alertar para a necessidade de implementar e reforçar os serviços de saúde pública, e a Autoridade de Saúde, para protegermos as comunidades contra a próxima ameaça viral. Só é possível agir com rapidez, agilidade e robustez se soubermos o que está a acontecer. Sabemos que os casos de covid, e as mortes a ele associadas, caíram nos últimos meses. Em saúde pública facilmente atribuímos tal à imunidade conferida pelas vacinas e infecções anteriores”.

Excesso de confiança trouxe dissabores nos Açores

Para Mário Freitas, “é preciso conhecer bem as variantes que circulam, e é preciso não desistir de apostar na vacinação, sobretudo dos grupos vulneráveis, idosos e doentes crónicos”.
Sublinha, ainda, que, “actualmente estamos rodeados de pessoas, amigos e profissionais de saúde, que nunca tinham tido Covid e que tiveram Covid nas últimas semanas ou estão atualmente com Covid. A explicação está no que acima referi, com maior preponderância de um ou outro factor”.
A concluir, o médico Mário Freitas deixa o alerta: “O excesso de confiança já trouxe dissabores no passado, recente, nos Açores. É preciso que num futuro próximo tal não se repita, por falta de mecanismos adequados de vigilância, e/ou por excesso de confiança. Na certeza de que a saúde é um direito, mas a sua proteção é também um Dever de todos, e em concreto dos responsáveis do sector da saúde”.

Índice de trnasmissibilidade mais alto nos Açores

Em Fevereiro deste ano o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus que provoca a Covid-19 subiu para os 1,02 a nível nacional e três regiões estão com este indicador acima do limiar de 1,00, estima o Instituto Ricardo Jorge (INSA).
O INSA adiantava ainda que este indicador é superior a 1,00 em três regiões do país, caso de Lisboa e Vale do Tejo (1,08), Alentejo (1,08) e Açores (1,10).
O Norte regista um Rt de 0,94, o Centro de 0,98, o Algarve de 0,92 e a Madeira de 0,96, refere o documento, ao adiantar que o número médio de infeções diárias, na média a cinco dias, subiu ligeiramente das 181 para as 188 a nível nacional.

Nova variante na China

Segundo o especialista em doenças respiratórias e antigo presidente da Associação Médica Chinesa, Zhong Nanshan, uma nova variante do SARS-CoV-2, a XBB, se tem propagado mais rapidamente na China, desde o final de abril, podendo chegar aos 65 milhões de novos casos, a cada sete dias, até ao final de junho.
Zhong estima que a conjuntura atual resulte em 40 milhões de novas infeções por semana até ao final de maio e cerca de 65 milhões de novos casos, a cada sete dias, até ao final de junho.
Zhong também adiantou ainda que a China está a preparar-se para lançar um novo tipo de vacinas, dedicadas à nova variante XBB. Há pelo menos quatro projetos de fármacos a decorrer, sendo que dois deles “serão autorizados em breve”, garantiu o especialista.
O Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças deixou de atualizar as estatísticas semanais, impedindo que seja público qual o real impacto do SARS-CoV-2 no país.

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