Esta foto do Bispo D. Armando Domingues, magistralmente captada pelo excelente guia picoense Renato Goulart, já se tornou num ícone.
A grande forma física do prelado parece ter surpreendido os que o acompanharam na subida ao Pico, especialmente os mais jovens, confirmando que a força física é meio caminho andado para manter a força espiritual na responsabilidade que lhe aguarda à frente de uma Diocese recheada de problemas.
Mas a surpresa maior foi a primeira movimentação de padres que anunciou há poucos dias, aguardando-se a prometida segunda mexida para os próximos dias.
D. Armando teve a coragem, que outros que o antecederam não tiveram, de mexer profundamente na estrutura, sobretudo em lugares que pareciam cativos.
É um sinal importante para todos os católicos açorianos, alguns dos quais já tinham perdido a fé naquilo que a Igreja da região precisa realmente de fazer: uma profunda revolução mental interna, serena e mais actuante, ou, como diz o próprio D. Armando, “uma Igreja mais comprometida com novas formas de evangelização”.
A Jornada Mundial da Juventude poderá ser um bom ponto de partida, aproveitando a motivação dos jovens para alargar a influência dessa “nova forma de evangelização” à restante comunidade açoriana, que precisa de ser sacudida por ventos mais mobilizadores de uma Igreja até agora pouco comprometida e muito conformada.
Os Açores são terreno fértil para uma intervenção cristã mais solidária, quando é sabido que os problemas sociais nas ilhas estão a agravar-se em muitas famílias, muitas delas frágeis e sem orientação ou acção solidária.
É preciso intervir mais, sair das sacristias e estar mais próximo de quem necessita.
É preciso ser criativo, para ser mobilizador, como agora aconteceu com a missa no piquinho.
A própria subida ao Pico simboliza ambição, poder e liderança.
Sinaliza, por outro lado, que quer o rebanho ao seu lado enfrentando desafios e subidas mais altas no calvário terreno.
O Bispo está a dar um bom exemplo, surpreendendo, para já, pela positiva, que é o que se exige de um líder.
Basta, agora, segui-lo e ajudá-lo naquilo que ele diz ser “o importante que é caminharmos todos juntos, mais novos e mais velhos; sobretudo estarmos atentos aos que mais sofrem, que têm mochilas mais pesadas, aos doentes e aos idosos”.
Que o Bispo D. Armando nos traga uma mochila de esperança do tamanho da montanha.
Osvaldo Cabral *
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt