Diário dos Açores

Episódios relevantes deste verão

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“Não há jogo duplo de Portugal quanto à defesa da adesão da Ucrânia à União Europeia”. Saído de um país onde os despedimentos coletivos aumentaram, só no 1º semestre, em mais 40% de empresas, envolvendo mais 25% de trabalhadores; onde subiu de forma insuportável o preço do alojamento estudantil e da habitação em geral; onde as desigualdades e a pobreza (incluindo 345 mil crianças em risco) continuam a galopar; e onde dispara o custo de vida por causa das sanções impostas pela União Europeia à Rússia, foi esta a frase chave com que o presidente da República português se apresentou ao presidente ucraniano, à chegada a Kiev, na sua recente visita à Ucrânia. Uma frase imprudente a pressupor uma indemonstrável seriedade portuguesa em contraponto a uma suposta falta dela, de outros países não especificados, quanto à defesa da adesão da Ucrânia à UE.
Mas não foram estas as únicas palavras menos refletidas de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto detentor do cargo que ocupa, para já não falar do fiasco da atribuição a Zelensky da Ordem da Liberdade (Deus escreve direito…): Saído de um país onde o Ministro dos Negócios Estrangeiros tinha acabado de abrira apátrida hipótese de recrutar cidadãos estrangeiros para as forças armadas, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou mais esta ribombante proposição: “A fronteira de Portugal é a fronteira da Ucrânia”. Se, em coerência, também neste caso não houvesse “jogo duplo de Portugal”, isso quereria significar então que o nosso país estaria disposto a engrossar coma sua juventude as fileiras do exército ucraniano… Uma proposição destinada certamente ao fracasso em toda a linha, em nome da segurança dos nossos jovens e da Paz, palavra que, aliás, o Presidente da República Portuguesa se “esqueceu” infelizmente de meter na bagagem para Kiev…
Mas o verão não se ficou por aqui e trouxe-nos outras notícias relevantes. Na África do Sul juntou-se em conferência o grupo BRICS, fundado pelo país anfitrião mais o Brasil, a China, a Índia e a Rússia, ao qual aderiram 6 novos membros, revelando constituir-se como a mais importante estrutura política económica e social com vista a instalar e consolidar no Mundo a força do multilateralismo, em alternativa ao domínio absoluto de uma só potência que tem existido desde a queda e o desmembramento da União Soviética.
Chumbada na Assembleia da República pelos verborreicos campeões da baixa dos impostos: IL, Chega e PSD, mas também pelo PS, a redução do IRS e do IVA, proposta pelo PCP. O BE votou favoravelmente e o PAN absteve-se.
Nos Açores, o governo regional aprovou a revisão do Plano Estratégico do Turismo, retirando-lhe o caráter de setor complementar, para promovê-lo a “setor basilar da economia regional”. Más notícias, portanto, para os outros setores produtivos, agricultura e lavoura em particular, para a preservação e sustentabilidade do património natural das ilhas, bem como para a estabilidade, segurança e justa remuneração dos trabalhadores açorianos.
Talvez por isso a submissão (a custos desconhecidos) do governo às pretensões da Ryanair, para continuar, mesmo de forma reduzida, a voar para S. Miguel e Terceira. E nem por isso, nem pelos 78% de movimento que garante no aeroporto de Ponta Delgada, nem pelo predomínio do Grupo SATA no movimento aéreo regional, a SATA Internacional foi defendida duma privatização ao desbarato e praticamente sem compromissos a prazo para com os Açores.
E para fechar, já este fim de semana no Seixal lá estarão os Açores dignamente representados na grande festa da liberdade, a Festa do Avante!


Mário Abrantes *

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