Em dia do velório de José Maria Pacheco Raposo Bonifácio, humanamente tratado até ao fim na Unidade de Cuidados Paleativos do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, esta humilde homenagem ao corpo de enfermagem do referido hospital a pedido do seu irmão Manuel Pacheco Raposo Bonifácio.
Anjos de azul e branco
Enquanto lhe secam as águas dos olhos,
Ainda nos confortam mágoas aos molhos
São anjos que esvoaçam nos corredores
De um hospital que sem saber tem mil amores
Que humanidade dissipada entre batas
Que maravilha de gente de fazer o bem
Vinte e quatro horas por dia atarefadas
Quem disse que só nos contos existem fadas?
E depois quando choramos os nossos mortos
Cá vêm eles a correrem para nós
Para nos darem calor no frio da morte
Quais bússolas que orientam no desnorte
Não há palavras que caibam no poema
De agradecimento por tal dedicação
Os enfermeiros são almas de alfazema
Que transformam o perfume em devoção
Sejamos agradecidos senhores utentes
Porque há anjos a vestirem azul e branco
Que pousam dia e noite entre os doentes
Quais guerreiros protetores do melhor flanco
E saibamos abraçá-los na desdita
É que no mundo há pouca gente tão bendita
João Gago da Câmara