“Duas Vozes e um Coração”, é o nome do agrupamento musical que tem encantado a comunidade portuguesa no Canadá. É marcadamente açoriano, dado que é composto por Catarina Carvalho Rego, de 17 anos, nascida em São Miguel, nos Açores, e por Mafalda Costa Carvalho, que tem 28 anos e é também natural da “ilha verde” do arquipélago.
O projecto teve o seu início no ano de 2020 e surgiu muito por culpa do gosto e da vontade que Catarina tinha e tem de cantar na comunidade.
“Temos de assumir que desde crianças sempre tivemos paixão pela música”, desde o canto até ao facto de Mafalda ter tido experiências como bailarina, ainda em terras portuguesas.
Mantendo-se firme na tentativa de dar ao seu sonho uma realidade, Catarina decidiu falar com os seus pais, para lhes contar o seu gosto e então, com a força da esperança e garra açoriana, decidiram falar com o conhecido artista da comunidade “Elite SoundDj” (Jaime Machado).
Depois de contar com este braço firme no mundo da música, já que “o músico deu logo as mãos ao projecto”, agora havia o problema da Catarina sentir vergonha de subir a um palco sozinha e é aí que entra a sua tia Mafalda, que se sentindo mais confortável nesta área, decidiu abraçar também este projecto para, mais que não seja, apoiar a sua sobrinha.
Depois de muitas conversas e “desenhos musicais”, e com a força de verdadeiros vulcões e terramotos, eis que surge o projecto musical: “Duas Vozes e um Coração”.
Catarina e Mafalda contam ao Diário dos Açores que o “seu objectivo é o de levar e trazer à nossa comunidade emigrada, horas de boa música e sobretudo mostrar que a juventude também tem o seu lugar, quando para isso é solicitada e apoiada”.
“O nosso reportório musical é, na sua maioria, baseado em música popular portuguesa e açoriana. Temos tidos muitos bailes para animar e, sinceramente, é este o estilo que a nossa comunidade aprecia”, dizem as “duas vozes”.
As jovens com “carimbo açoriano”, para “satisfazerem todos e as diversas idades que habitualmente assistem as nossas actuações, não se esquecem de outros estilos de música”.
Catarina e Mafalda actuam bem no coração da comunidade emigrada, e destacam a sua participação nos eventos e jantares da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, pisando também palcos como o do “Vasco da Gama”, o da Casa dos Açores de Ontário, actuando também em alguns restaurantes, como acontece, habitualmente, no “Caloura Bar”.
Não escondem a grande vontade de pisar o palco das grandes festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, pois “aí nesse local vamos sentir o coração verdadeiramente açoriano, o tal coração que bate com a fé e com a saudade de todo um povo de nove ilhas”.
“A música sempre teve no sangue de nossa família”. Recordamos o avô de Catarina e a mãe de Mafalda, que, quanto a elas, “tem uma linda voz que sempre cantava ao som do acordeão nas festas do Divino Espírito Santo e no coro da Igreja de São Pedro, na Ribeira Seca, da Ribeira Grande.
As duas assumem e agradecem “a todos os clubes e associações portuguesas e açorianas no Canadá, que têm o objectivo de não deixar as nossas raízes e tradições morrerem. Queremos agradecer à comunidade que muitos nos tem apoiado, e pedimos que se juntem a nós para passarmos tempos divertidos”, pois “nem só de trabalho vive o homem e a mulher”.
À nossa reportagem, Mafalda Carvalho, que veio para o Canadá em 2016 com minha irmã, diz-nos que “o sonho no mundo da música é sempre continuar a crescer, sem pressa, passo sobre passo, e trazer sempre boas vibrações ao público. Quero tanto gravar originais e isso está, Graças a Deus, quando a acontecer, embora envolva muito trabalho. Toda a vez que subo a um palco é sempre um desafio, pois tento agradar ao nosso povo, uma tarefa que nem sempre é fácil, mas sei que dou sempre o meu melhor e em cada actuação terminada é sempre um sentimento de dever cumprido. Aos açorianos peço para que nunca desistam, nem esqueçam as suas raízes e a sua origem e que apoiem as comunidades.
Por seu turno, Catarina Rego, que, com a mãe, também veio em 2016 para Canadá, ter com o seu pai, insiste que “quer continuar com o seu sonho, levando música e alegria às pessoas, partilhando autênticos momentos de saudade, de partilha de cultura e tradição”.
“Sempre que subo a qualquer palco analiso primeiro o tipo público para saber que músicas tocar pois considero que é preciso nos moldarmos a cada evento. Dou o meu melhor para garantir que as pessoas se divertem, tal como eu me divirto fazendo o que amo”, diz Catarina.
A jovem deixa ainda uma mensagem a outros jovens: “aos jovens digo que lutem pelos seus sonhos sempre, mostre, sempre a todos o seu valor e o seu talento, seja ele qual for. Jovens, expressem os vossos sentimentos através da música, isso pode ser difícil no começo, mas nunca desistam do vossos sonhos e ambições”.
Duas Vozes e um Coração, juntam o “coração da alma açoriana”, e através das suas vozes elevam, também elas, alto, o açor que “comanda os ventos dos Açores”.
por Rómulo Ávila,
Correspondente em Toronto