Diário dos Açores

O Ministério Público que avance

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Desde há alguns anos que vamos ouvindo, regularmente, situações rocambolescas sobre a ARRISCA.
Desde salários inconcebíveis atribuídos a pessoas que se voluntariaram para dirigir a Associação, até à admissão de enfermeiros que, afinal, não o são, há de tudo naquela casa.
O Tribunal de Contas já lá foi e, através dele, ficamos a saber que havia salários de 4 mil euros, que se mantêm, e que 80% do orçamento da instituição, de quase 2 milhões de euros, é para pagar gastos com pessoal.
Pelo que vamos sabendo, nas assembleias gerais já foi pedida uma auditoria externa às contas, mas nem isso ficou em acta!
Ao que parece, o caso do enfermeiro que não o era e que lá trabalhou durante um ano, estará a ser investigado pelo Ministério Público, mas era importante que a investigação se estendesse a toda a actividade, porque as suspeitas têm sido levantadas mesmo internamente.
O estranho de tudo isso é que estes casos atravessam todos os governos e ninguém avança. Nem sequer uma comissão parlamentar de inquérito, porque se tratam de dinheiros públicos dos contribuintes.
É inadmissível esta passividade dos governantes, que deviam vir a terreiro esclarecer o que se passa nesta instituição - e que ainda esta semana voltou a ser notícia, pelas piores razões, no Telejornal - , em nome da boa transparência pública e, sobretudo, dos doentes, que deviam estar a ser ajudados na plenitude e não objecto de actividade para os dirigentes voluntários se encherem de salários.
O que não dirão os pobres dirigentes das inúmeras Casas de Povo por estas ilhas fora, que dirigem as suas instituições de forma voluntária e gratuita, sem mais esquemas, algumas delas com mais funcionários do que a ARRISCA.
É imperioso que a tutela esclareça o que há a esclarecer.
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O turismo só nos tem trazido boas notícias.
Para uma Região a precisar de criar riqueza e empregos, é o sector que mais cresceu nos últimos anos e é imperioso que não se perca esta dinâmica.
Só até setembro já tivemos praticamente o mesmo número de dormidas que o ano inteiro de 2022, mais de 3 milhões.
Já vamos com proveitos na hotelaria e no alojamento local na ordem dos 132 milhões de euros, mais 52 milhões de euros do que os 80 milhões do ano passado.
O mercado americano, que todos querem em todo o mundo, já vai nas 348 mil dormidas (346 mil para os alemães, o nosso mercado tradicional de não residentes durante largas dezenas de anos). É um crescimento espectacular de 38%, o dobro dos alemães.
Se alertamos para a consolidação desta dinâmica é porque começam a surgir alguns sinais que devemos tomar em atenção.
O primeiro é que estamos a perder turistas nacionais, mesmo sendo uma queda ligeira até Setembro.
O segundo sinal menos bom é o valor elevado (15,5%) de alojamentos locais que não registaram em Setembro qualquer movimento de hóspedes.
Vamos aguardar pelos próximos meses para confirmarmos os sinais, mas sabendo-se que a partir de Novembro poderemos ter o efeito negativo da redução de rotas da Ryanair, convém que as autoridades do sector, nomeadamente a VisitAzores, estejam bem atentas aos fenómenos, para actuar a seguir nos mercados onde é preciso actuar e não deixar a promoção para as calendas gregas, como aconteceu este ano.

Osvaldo Cabral
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

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