Diário dos Açores

16 Dias de Ativismo pelo fim da Violência Contra as Mulheres

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O silencio da violência só perpetua o problema

A violência é um problema que assola a sociedade de diversas formas, nem todas tão visíveis como as agressões físicas ou os crimes “evidentes”. A denominada “violência silenciosa” é uma realidade abafada, escondida e camuflada pelo silêncio e em silêncios. Escrever sobre esse tipo de violência tem o objetivo de relatar as vezes que ouço sussurros e murmúrios narrados em privacidade, em jeito de rezas e choramingas, sob a forma de desabafos e em ladainhas, todas feitas sob juras de confidências de “não contes a ninguém…”
Ouvimos esses chorincos e, de repente, até alguns são, também os nossos. Amparamos, ouvimos, aconselhamos e, às vezes, silenciamos também. Essas situações são bastante comuns e gravíssimas. Esses silêncios violentos ou esses violentos silêncios encontramos nas esquinas de tantos lugares, na forma diversa do bullying, na prática do assédio sexual e moral, nos escritórios, entre as paredes dos gabinetes, entre portas de casas, em qualquer sítio. Também relatados nos conflitos (des) harmoniosos dos casados, por conta de uma promessa de amar até que a morte os separe, nas ligações (na)morosas, e em todas as faixas etárias. Apanha-se em situações que envolvem discriminações de género e sexo, idadismo, etnias, religião, como também em discussões e opiniões políticas, entre muitas outras.
Só queremos é esquecer e pedir ao “hábito dos silêncios” que nos socorra e que talvez seja, só uma “impressão” …É crucial reconhecer que é violento perpetuar esse tipo de comportamento, o nosso e o dos outros!
É importante que todos/as tenhamos a coragem e incentivemos a quebrar os silêncios, até mesmo gritar, para que possamos reconhecer e combater essa “violência silenciosa”, pouco visível, subtil e tão envergonhada.
Por isso, é uma “impressão” muito mais difícil de identificar e empurrada para as opções do isolamento social, identificando as pessoas apáticas, tristes e deprimidas – um abuso com marcas e sinais para uma lente de cariz científica, que as rotula como doentes. São vítimas de ansiedade, de depressão, de baixa autoestima, de perda de confiança e de dignidade, e que enfrentam muitas vezes problemas mentais, tão discutidos nos dias de hoje.
Apesar do acesso ou excesso às tecnologias de informação e de partilha, e a relação com as redes (in)sociais, que aparentemente tanto nos aproxima e também tanto nos afasta da segurança e do conforto do privado, é facto que nunca estivemos tão próximos uns dos outros, mas também tão suscetíveis às opiniões dos outros, às públicas e às privadas, as bondosas e simpáticas e as maldosas e depreciativas, que desencadeiam também essa avalanche de silêncios mudos, que se acumulam e que se volta a fingir que é só “impressão”.
É fundamental refletirmos sobre como queremos ser e parecer, evitando contribuir para a perpetuação desse ciclo de violência silenciosa. E que tal um basta?
As narrativas em filmes e livros contam tão bem essas histórias, e até as partilhamos e recomendamos que as vejam e leiam. Até nos emocionamos e recontamos a história.
O SILÊNCIO DA VIOLÊNCIA SÓ PERPETUA O PROBLEMA E O PROBLEMA ESTÁ NO PERPETUO SILÊNCIO DA VIOLÊNCIA!

Catarina Teixeira F. Pacheco

Campanha 16 Dias pelo Fim da Violência contra as Mulheres 2023

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