Diário dos Açores

Corrupta iustitiae, Parte 4

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Quero os corruptos condenados e presos

Desacreditando os professores e a sua profissão, abalando os alicerces do ensino público com normas pouco exequíveis, pouco fiáveis e de resultados estatísticos garantidos, mas sem que isso represente qualquer grau de conhecimentos técnicos, científicos ou académicos, a reforma do ensino privilegia os títulos obtidos nalgumas escolas privadas. …. Aliás não é só na educação que isto se verifica. Assim aconteceu com a justiça naqueles países e irá acontecer em Portugal.
Na saúde é ainda pior. Veja-se, o exemplo, dos médicos do “ER” (série televisiva Serviço de Urgência) a atenderem os doentes consoante têm seguro privativo (e conforme a cobertura deste) ou não, logo despachados depois de tratados sumariamente. Assim irá acontecer neste jardim. Mal um hospital ou uma urgência fecham, logo aparece um grupo privado a querer construir um hospital..
Claro que quem vive no Bronx não pode ter a mesma qualidade de vida dos que vivem em Manhattan (não sei se me entendem). Isto em termos indianos é como uma zona de sudras e vaixias onde poucos se deslocam. Mesmo a polícia tem medo de lá ir, pode ser que a ASAE depois de preparada militarmente lá possa entrar. Como que se fossem favelas, ou bairros-de-lata. As “pessoas de bem” e pilares da sociedade vivem em zonas mais abrangentes em termos de serviços e de oportunidades. Muita sorte têm estas castas menores por já disporem de água potável e eletricidade. Ninguém parece perder o sono ou o apetite (estamos a ficar todos obesos) pelos sem-abrigo que se propagam mais depressa que coelhos nas ruas das cidades, esvaziadas de gente e Humanidade. Autênticos desertos à noite, enquanto o camartelo municipal não chega para demolir as casas que irão ser “gentrificadas” e dar origem a condóminos de luxo a quem as quiser pagar. Assim, os velhos subúrbios do povo passam a ser áreas VIP.
A grande diferença é que na maioria dos países ocidentais, ditas democracias, ainda existe um mínimo de pudor, decência, bom senso e dignidade. Os casos de corrupção, nepotismo e outros, impunes em Portugal, são punidos nesses países. Penso que o melhor é fechar tudo, acabar com todo o tipo de emprego, começando pela Assembleia da República, representantes da República, ministérios, secretarias de Estado, institutos, fundações, empresas privadas. Fechar tudo, mas tudo...sem exceção. Neste contexto, deveria ficar a funcionar apenas o Ministério da Morte, gerido por almas do outro mundo com a responsabilidade de fazer embarcar para o inferno, em primeira mão, todos os corruptos, aldrabões, e malfeitores do país. Quem tem coragem de apresentar a estratégia para aprovação?
A mentira, a manipulação permanente, os negócios com amigos e conhecidos que nem constam dos livros de corrupção, desfalques e golpes para o erário público, a impunidade, o conluio entre os tribunais e os poderosos leva a que um jovem acusado de roubar (não pagar) 31 € de pizza tenha julgamento com 3 juízes e a ameaça de pena de 8 anos, enquanto os crimes maiores ou prescrevem, ou levam pena suspensa, ou nem são julgados. Tudo é legítimo desde que seja roubar em proveito próprio, da banca que os alimenta e dos interesses que os manipulam como títeres.
Civilizações caíram por menos do que isto, mas esta está a demorar tempo e quando cair não será apenas Portugal, nem a Europa nem os EUA, mas todo o mundo ocidental como o conhecemos. Novas formas de barbárie e de escravatura vão sendo reveladas por entre notícias de xenofobia, discriminação e outras aberrações. Este capitalismo selvagem não só ameaça destruir a raça humana como o resto do planeta. Este país onde tive a desdita de nascer e que nada me deu além da bela paisagem, é um país mal formado, mal-educado, mal-preparado, de gente diversa: os que nasceram mais ou menos bem; a classe média (alta ou baixa não interessa, mas já interessou pois no meu tempo eu podia ir para o liceu e os menos bem iam para as escolas técnicas, comerciais, industriais, ou nem isso…); os trabalhadores; os empresários; os patos-bravos e arrivistas; os corruptos (quaisquer que sejam as cores políticas e nem todos são transmontanos, embora avondem como dizem os galegos); os políticos de aviário que jamais trabalharam um dia, e tiraram cursos esconsos em universidades dúbias, tentaram falsificar cursos e outros nem isso; e a enorme massa humana a que se chama povo. Todos, sistematicamente, lavados ao cérebro, desde tempos imemoriais sem grande oposição por Viriato, Sertório, Romanos, Alanos, Suevos, Vândalos, Visigodos, Árabes, a Santa Inquisição delatória (que fez de todos os tugas um povo de “bufos”), a Ditadura de má-memória (48 anos de belo obscurantismo em troca de alianças de paz com alemães, franquistas, americanos e britânicos para encher os cofres de ouro que não investiu).
São os interesses do partido, dos amigos e demais associados corruptos e “boys and girls” nos seus “tachos”. Se forem corruptos, julguem-nos, prendam-nos e deitem a chave fora. Os corruptos não têm reabilitação, obriguem-nos a trabalhar e a produzir para a sociedade nem que seja caixas de fósforos (esqueci-me de que já não se usam), ou, sei lá, limpar matas, arar campos desertos, reabilitar casas devolutas… Há tanto para fazer e poucos para trabalhar. Acabem com as reformas milionárias imerecidas. Todos devem contribuir com deduções para a reforma iguais aos que o estado deve colocar em fundos especiais, sem ser de especulação. Uma obra não pode ter derrapagem de custos, devem ser responsabilizados os culpados e indemnizado quem merecer ser. As viaturas de estado reduzidas ao mínimo indispensável para o normal funcionamento dos serviços e não para a ostentação inútil das autarquias, repartições, etc. Na Austrália deslocava-me nos transportes públicos juntamente com membros do parlamento, ministros, etc.…e os parentes deles nunca estiveram na lama…
A justiça deve ser célere e sem prescrições… Estado Social sim, mas com regras e inspeções. Vejamos um exemplo. Quando cheguei da Austrália, as casas sociais perto da minha no Porto, onde viviam pessoas sem posses, em grupos familiares sem rendimentos, com antenas parabólicas e carros melhores que o meu…. Essas pessoas comiam diariamente nos cafés e restaurantes, coisa que eu não podia a não ser excecionalmente. Algo me diz que a distribuição era injusta. O RSI - rendimento de inserção social ou mínimo, como quer que se chame, deve bonificar os que mais precisam que o devem retribuir em trabalho para a sociedade na medida das suas possibilidades e não para ficarem em casa a ver televisão.
Esqueci-me de dizer que também já não acredito nessas tretas de direita e esquerda, pois não creio em político honesto (é como prostituta virgem!), nem imagino que qualquer governo possa fazer grande coisa (não o deixarão os magnatas agiotas).
Quanto ao resto quero os corruptos condenados e presos, que o sistema bancário mundial seja rapidamente aniquilado… Não me entendam mal, eu acredito no capitalismo, à moda antiga, o que investe os lucros para criar maior riqueza para todos. Acredito numa social-democracia sueca dos anos 70. Era assim que se imaginava o socialismo à portuguesa, onde o estado complementa a iniciativa privada e a liberdade individual em vez de a tolher com normas estúpidas como o tamanho dos tomates ou dos chicharros. Acredito no ensino universal e gratuito para todos os que tiverem valor e não para os que querem o canudo e o axiónimo Dr. ou Eng.º ou quejandos.
Acredito que qualquer país só pode evoluir quanto mais culta for a sua massa populacional, eu disse culta, não disse com canudos de Bolonha… Acredito em qualquer país que gaste mais na cultura do que na defesa, acredito em qualquer país que preze a história e a preserve, através da recuperação dos monumentos e tradições orais ou qualquer outra forma (que não sejam touradas e demais falsas culturas circenses)... caso contrário que volte o autêntico e original circo de Roma com muitos leões para lá deitarmos os nossos políticos na arena.
 Quanto a guerras determino que em vez de mandarmos a juventude para a morte possam escolher as armas, sejam elas luta livre, corpo-a-corpo ou xadrez.

Chrys Chrystello*
*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

 

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