Crédito malparado ultrapassa  os 40 milhões de euros nos Açores
Diário dos Açores

Crédito malparado ultrapassa os 40 milhões de euros nos Açores

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O crédito malparado na banca açoriana atingiu os 41 milhões de euros no 3º trimestre deste ano, sendo que 21,6 milhões de euros dizem respeito a particulares e 19,6 milhões são de empresas.
De acordo com os dados consultados pelo nosso jornal, este valor representa uma descida de 14 milhões de euros em relação ao trimestre homólogo, acompanhando a tendência nacional.
Naquele período, o saldo dos empréstimos concedidos a particulares situou-se em 3.277,7 milhões de euros, mais 1,7 milhões que o observado no trimestre homólogo, sendo que 2.356,7 milhões de euros são créditos para habitação e 921 milhões de euros destinados a consumo.
Quanto às empresas, o saldo do volume de empréstimos concedidos foi de 1.711,5 milhões de euros, um valor superior em 2,2% ao observado no trimestre homólogo (mais 37,6 milhões de euros).
Recorde-se que há poucos dias o Fundo Monetário Internacional (FMI) aconselhou os bancos portugueses a evitar canalizar para dividendos a totalidade dos lucros, que estão a aumentar, pedindo antes reforço das reservas de capital como ‘almofada’ perante eventual aumento do malparado e das falências.
Numa altura em que bancos como o BCP, Novobanco, Santander Totta e BPI apresentam quase o dobro dos lucros nos primeiros nove meses do ano face ao período homólogo de 2022, o responsável regional do FMI,  Alfred Kammer, avisa que “os tempos vão ficar mais difíceis”, sendo necessários “amortecedores adicionais”.
“Em resultado do ajustamento pós-pandemia, vamos ver um aumento das falências, vamos ver um aumento do crédito malparado, e isto é em toda a Europa, esta não é uma questão específica de Portugal”, acrescenta.
De acordo com Alfred Kammer, esta é uma situação “normal” dada a apertada política monetária com elevadas taxas de juro, entretanto estabilizadas pelo Banco Central Europeu, que coloca mais entraves ao acesso ao financiamento e leva a que as famílias e as empresas paguem mais pelos seus empréstimos, nomeadamente à habitação.
“Estes riscos ascendentes são normais, [...] mas nós também aconselhamos as autoridades de Portugal a aumentar as reservas sistémicas de fundos próprios a fim de preparar um aumento do crédito malparado e das falências”, concretiza.
O responsável avisa que, “quando as condições financeiras se tornam mais restritivas, podem ocorrer tensões financeiras”, pelo que “os países devem acompanhar de perto a qualidade do crédito bancário, os riscos de alavancagem e de liquidez, bem como aumentar as reservas de fundos próprios”.
Nas perspetivas económicas regionais da Europa, ontem publicadas, lê-se que, “embora o sistema bancário europeu apresente elevados níveis de solvabilidade e liquidez, os bancos de algumas jurisdições possuem títulos substanciais que podem levar a um esgotamento significativo dos seus fundos próprios”.
Esta situação verifica-se em Portugal por ser dos países europeus com mais crédito à habitação a taxa variável.

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