Centenas de peças, documentos e equipamentos  da Sinaga já foram transferidos para o Museu  Carlos Machado
Diário dos Açores

Centenas de peças, documentos e equipamentos da Sinaga já foram transferidos para o Museu Carlos Machado

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Centenas de documentos, peças, objectos e equipamentos pertencentes à antiga fábrica de açúcar em Ponta Delgada já foram transferidos para o Museu Carlos Machado.
Fonte ligada ao processo disse ao Diário dos Açores que toda a transferência do património museológico da Sinaga está a ser acompanhada por técnicos especialistas do referido museu, que já elaboraram um relatório, onde se encontra registada, documentada e fotografada, toda a transferência que foi efectuada até agora.
A transferência do acervo museológico começou a meados de Maio, tendo começado com o Arquivo da Fábrica do Álcool da Lagoa, transportado na carrinha do Museu Carlos Machado para o armazém.
Nestes dias, foram feitas as fotografias, gerais e de pormenor, para memória futura e foram fotografadas, registadas, acondicionadas e transportadas as peças cujo tamanho e peso assim o permitiam.
São inúmeras as peças e objectos transferidos, umas em bom estado e outras a necessitar de intervenção, em que os especialistas já começaram a trabalhar.
Há dezenas de fotos, muita documentação, actas, peças antigas e muitos objectos que já pertenciam ao núcleo museológico da fábrica.
De acordo com a nossa fonte, a par destas peças e documentação, foi também entregue ao Museu Carlos Machado uma ‘pen drive’ com fotografias de Fernando Resendes, que retratam colaboradores, interior e exterior da Fábrica, laboratório e várias etapas de produção.
Há, igualmente, um CD com um documentário sobre a Fábrica SINAGA com edição desta empresa.
Após todo este trabalho, já no final de Maio foi realizada a transferência de maquinaria mais pesada.
Assim, durante todo o dia 1 de Junho, foi feito o transporte das máquinas, entre a Sinaga e o armazém de depósito, com a colaboração da empresa e com o aluguer de uma carrinha e empilhadora, feito pelos serviços do Museu.
De acordo com a nossa fonte, os colaboradores da Sinaga já tinham, previamente, desmontado as máquinas passíveis de tal operação e acondicionando-as em paletes, prontas para o transporte.
Estas saíram da Sala Museu através de um alçapão que se encontrava em sala contígua, sendo transportadas em carrinha de caixa fechada alugada  a uma transportadora.
Quanto às peças que não poderiam sair e ser transportadas desmontadas, saíram através de guindaste pela porta da frente e colocadas em carrinha de caixa aberta.
Neste mesmo dia, foram ainda transportadas na carrinha do Museu as peças do laboratório que passaram a integrar a coleção.
Todo este trabalho envolveu uma vasta equipa, que começou com um contacto entre a coordenadora da Comissão dos Arquivos da Região Autónoma dos Açores, Elisabete Raposo, e  o Director do Museu Carlos Machado.
 O grupo de trabalho, com elementos de outros departamentos governamentais e com os do Centro de Documentação e Arquivo do Museu, teve como objetivo levar a cabo a inventariação do arquivo da fábrica do açúcar Sinaga.
Depois de reuniões com os responsáveis da fábrica ficou estipulado o método de trabalho.
Muitas das peças foram colocadas no Núcleo de Santa Bárbara e nos armazéns do Museu, sendo que, aquelas que o necessitam, deverão ser submetidas a câmara de expurgo devido à presença de xilófagos.
As peças incorporadas futuramente serão inventariadas e estudadas.

 

Providência cautelar para travar desmantelamento da fábrica

 

O grupo de cidadãos “Santa Clara - Vida Nova” anunciou que entregou uma providência cautelar para travar “todas as acções de desmantelamento” da fábrica da Sinaga, em Ponta Delgada, que foi extinta pelo Governo dos Açores.
Em conferência de imprensa realizada no Centro Cívico e Cultural de Santa Clara, o porta-voz do grupo, Luís Cabral, afirmou que o movimento entregou na Terça-feira “uma providência cautelar que visa suspender todas as acções de desmantelamento em curso do património da fábrica” da ex-açucareira Sinaga.
O objectivo da ação, acrescentou, é assegurar a “salvaguarda do patrimonial da fábrica e o aproveitamento condizente dos terrenos, da maquinaria e do edificado que a compõem integralmente”.
O grupo de cidadãos “Santa Clara -- Vida Nova” lidera a Junta daquela freguesia de Ponta Delgada há 16 anos.
Segundo Luís Cabral, ex-Presidente daquela autarquia, a providência cautelar conta com “perto de uma centena de autores”, entre os quais José António Soares Mota Amaral (antigo administrador da Sinaga), o arquiteto António Soares de Sousa e o historiador Mário Moura.
“Esta providência conta com perto de uma centena de autores representativos da sociedade açoriana dos vários concelhos da ilha de São Miguel, de diversas ilhas e também da diáspora”, reforçou.
Luís Cabral criticou a incoerência do Governo Regional sobre o assunto e afirmou que o “desmantelamento em curso” é “desregrado e dilapidador de valores com relevante interesse histórico e cultural”.
“O processo de desmantelamento sistemático e do património da fábrica começou a decorrer sem que tivesse sido ainda decretado a extinção da empresa, nem devidamente clarificado os seus objectivos”, apontou.
“Além do espaço museológico”, o grupo de cidadãos defendeu que os terrenos da açucareira extinta tenham “utilidade pública” propondo, por exemplo, a criação de “habitação a preços acessíveis” ou de uma central de camionagem.
Na ocasião, João Pacheco de Melo, membro do Grupo de Cidadãos, enalteceu a importância histórica daquela fábrica.
“Não é o encerramento da fábrica nem a sua liquidação que está em causa. O que é importante saber, e é o que não está esclarecido, é quem está a fazer dinheiro com isso”, disse, referindo-se ao “desmantelamento” do recheio.
Pacheco de Melo, que é também Presidente da Assembleia de Freguesia de Santa Clara, sugeriu que aquele espaço foi “concessionado a alguém”, que “vende como sucata” parte do património.
“Os avisos foram feitos e o mais importante deles todos, já tentando antes e conseguido mais recentemente, foi feito exactamente ao actual Presidente do Governo Regional”, revelou.
A 9 de Outubro, foi revelado que centenas de objetos da extinta açucareira SINAGA, foram acolhidos no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, e os técnicos estão a estudar a preservação do património industrial difícil de transportar devido à dimensão.
Pacheco de Melo realçou que não estão em causa alguns dos objetos que foram levados para o Museu Carlos Machado, mas antes “equipamentos seculares, alguns deles que eram o coração da empresa” e que foram “retalhados” ou “desapareceram”.
A Fábrica do Açúcar foi instalada na freguesia de Santa Clara em 1906, tendo sido comprada pela Sinaga em 1969.
A extinção da antiga açucareira, na qual o Governo Regional tinha uma participação de 51% desde 2010, e a integração dos seus 51 trabalhadores na Administração Pública regional foram aprovadas a 28 de setembro na Assembleia Regional.

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