Queremos SATA  ou não?
Osvaldo Cabral

Queremos SATA ou não?

Previous Article Previous Article Edição de 7 de Novembro de 2021
Next Article Sky Princess: mais uma escala inaugural amanhã em Ponta Delgada  com pernoita Sky Princess: mais uma escala inaugural amanhã em Ponta Delgada com pernoita

Editorial

Há poucos meses esta pergunta não fazia sentido.
A verdade é que, no tempo presente, até partidos políticos já põem em causa a continuação da Azores Airlines, com o argumento de que não podemos continuar a capitalizar uma empresa que está absorver uma boa maquia dos nossos recursos financeiros.
O deputado Nuno Barata tem sido  o ‘grilo falante’ desta coligação, onde todos os restantes deputados se mantêm num silêncio confrangedor sobre os problemas que afectam as nossas vidas.
O PS ainda não recuperou da atordoada daquela noite de Outubro, os que integram a coligação prosseguem a estratégia fatal da governação anterior, que é dizer amém a tudo, e dos restantes, com pouca credibilidade, apenas o deputado liberal tem levantado a voz a pedir as reformas que a mudança eleitoral exigia.
É preciso, de facto, começar a questionar aspectos da governação, que parecem seguir os mesmos passos da anterior.
Se a SATA é assim tão estratégica para a Região, convém começar a explicar como é que se mantém a empresa de pé, se é apenas para manter a Air Açores, se é para manter as duas, se é para deixar cair a Azores Airlines e abrir outra ou ficar sem operações para o exterior, se serão públicas ou privadas...
Estar a fazer uma reestruturação que ninguém conhece, sem explicar aos açorianos o que se pretende, é contribuir para a confusão, o conflito e a desinformação.
Alimentar este silêncio à volta desta e de outras reformas essenciais na sociedade não é muito aconselhável para a boa saúde do sistema e muito menos para o modelo de governação que temos.
É verdade que temos poucos recursos e o cobertor orçamental não chega para todos.
Mas quando se promovem, de ano para ano, sem mais discussão, orçamentos em que a maior fatia do bolo é para pagar despesas correntes e apenas restam uns miolos para investimento, então estamos a ir no caminho errado.
Pior do que isso, é recorrer, permanentemente, ao endividamento, deixando responsabilidades futuras para as próximas gerações que nenhum pai gosta de deixar como herança.
Estes problemas estiveram sempre em banho maria ou fora da agenda nos governos anteriores. O facto de surgirem agora com mais afinco é sinal de que há mais abertura democrática e transparência para promover um debate, sem medos, que nos leve a todos a reflectir sobre que caminhos estamos a escolher.
A SATA é, por agora, um ponto de partida, mas há muitas outras variáveis que merecem ser questionadas neste sistema autonómico em que muitos ainda não se revêem ou deixaram de se rever.
É preciso debater, reflectir, questionar, escrutinar, reformar e não ter medo de mexer com muitos interesses instalados de vários anos e com muitos vícios.
É isto que distingue a qualidade da política e dos políticos.

Share

Print

Theme picker