Joana Cabecinha,  as mãos  que realçam  a beleza na  RTP-Açores
Creusa Raposo

Joana Cabecinha, as mãos que realçam a beleza na RTP-Açores

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Trabalha nos bastidores da RTP-Açores realçando o encanto dos pivôs,  e quando necessário, disfarçando também as imperfeições para que às nossas casas chegue pela tela a informação local com o brilho adequado.
Joana Cabecinha partilhou com o Diário dos Açores o seu dia-a-dia rodeado de cor e beleza.

Quem é a Joana Cabecinha?
Sou a Joana Cabecinha, tenho 28 anos e sou maquilhadora de profissão.

Como começou na área e que formações e/ou cursos frequentou?
Comecei na área de maquilhagem em Fevereiro de 2015. Tudo se iniciou quando estava desempregada na área de construção civil, onde me formei na escola Profissional de Capelas. O meu antigo patrão, o senhor Gilberto Silva, era maquilhador e responsável pela área de caracterização na RTP Açores, e precisou de alguém para fazer as férias de uma funcionária dele.
Eu era pouco experiente na área, e as únicas maquilhagens que fazia era à minha mãe e às minhas amigas, para festas temáticas e eventos sociais.
Entretanto fui à RTP, e apresentei-me ao dispor do Sr. Gilberto. Passei o dia inteiro nas instalações, onde tive a oportunidade de perceber como tudo funcionava, quer em termos técnicos de maquilhagem de televisão, quer sobre toda a logística do mundo da televisão, desde os cabelos, o styling, os adereços, a caracterização até a ida ao estúdio, com a possibilidade de um retoque final, antes de irmos para o ar. No final do dia, ele disse-me: “Ficas à experiência, e eu vou dar-te formação em caracterização/maquilhagem de tv.” A situação correu melhor do que eu pensava, e fiquei mesmo a trabalhar com ele a tempo inteiro.
Uns meses depois fiquei encarregue também do styling da caracterização da RTP, foi sem dúvida um dos maiores votos de confiança que alguma vez tive.
Em Setembro de 2017 tirei formação de maquilhagem de TV, para estúdio virtual, na empresa My Klaquete, responsável pela área de caracterização da RTP actualmente, e para a qual eu trabalho.

Como é o dia-a-dia de uma maquilhadora na televisão local?
O meu dia como maquilhadora da RTP é normal (risos) pelo menos para mim. Seja Segunda-Feira, Sábado, Domingo ou um feriado. Começo às 13, hora em que trato do styling para o próprio dia, e depois vou maquilhar a jornalista Vera Santos para o programa “Açores Hoje”, no estúdio da ÍRIS. Sigo para a RTP Açores, e maquilho o jornalista que está de apresentação na presente semana. Pode ser o João Simas, a Dulce Bradford ou a Berta Tavares. Maquilho o pivô para o programa em directo “Noticias do Atlântico” às 16h (hora local), que tem a duração de meia hora.

 “(...) a maquilhagem (...) foi concebida para realçar a beleza que há em cada rosto. Não para alterar os vossos traços naturais, porque devemos ir ao encontro de tudo o que é natural, de forma simples, bonita e elegante.”


Durante a tarde há sempre algumas coisas a fazer, como planear as tarefas do dia seguinte, e trato do restante styling do dia anterior. Isso é o normal (risos). No entanto, pode haver sempre alguma alteração de planeamento de última hora, e aí trocam-me as voltas todas. Quem trabalha em televisão sabe que as alterações de última hora acontecem, e acho que não teria tanta piada trabalhar em tv se não fosse assim. Mas nada que não se faça, ainda para mais quando é feito com gosto.
Depois tenho o “Telejornal” à noite, onde trato do styling com mais pormenor e cuidado, porque no início o pivô faz a “entrada” de pé, e é visto num todo. É necessário que o “boneco” (linguagem de televisão) esteja perfeito no ar, para que o próprio se sinta bem e confortável, e para que o restante trabalho de equipa tenha o máximo sucesso, assim que a emissão vá para o ar às 20h00.
Se há convidados, também são da minha responsabilidade. Afinal de contas, ninguém pode ou não deve, ir para a frente de uma câmara sem o tratamento adequado e necessário, a cada tipo de rosto e pele, para aparecer no ecrã.
Apesar de adorar todo o tipo de trabalhos que faço de maquilhagem, trabalhar em televisão implica uma dinâmica totalmente diferente dos restantes, como a exigência temporal. Só para dar uma ideia, o não cumprimento dos tempos estipulados, pode comprometer o trabalho de toda uma equipa. O “Telejornal” vai para o ar às 20h00, mas antes disso, às 19h45, o pivô tem que estar pronto no estúdio para os respectivos testes de som, luz e imagem.
É um trabalho que traz ao de cima o meu sentido de responsabilidade, porque no fundo sou a responsável pelo aspecto das pessoas que levam as notícias a casa de todos os que assistem ao “Telejornal”, seja nos Açores, em Portugal continental ou na diáspora.
Quando a emissão vai para o ar, encho-me de um sentimento de gratificação enorme, por ver o meu trabalho a ser transmitido através da “caixinha mágica”.

Quem é mais difícil de maquilhar?
Não há casos em concreto que ache mais difícil, mas sim já tive algumas situações no meu trabalho em que tive que maquilhar pessoas e senti uma pressão extra.

Quem lhe dá maior prazer a caracterizar e porquê?
Bem, para mim não há A, B ou C que me dê mais prazer em caracterizar/maquilhar, porque cada rosto é um rosto, e em cada um deles há sempre um desafio, uma história, uma energia que me transmite a cada pincelada que dê. Seja um rosto que maquilhe de Segunda a Domingo, seja um rosto que maquilhe pela primeira vez. Sinceramente, não consigo dizer em concreto quem me dá maior prazer. O real prazer que tenho sempre é no resultado final de cada maquilhagem que faço, e na expressão da pessoa assim que vê o seu reflexo no espelho.

Também realiza outros trabalhos de maquilhagem e em que contexto?
Sim, para além de trabalhar na televisão, também sou freelancer.
Faço casamentos, festas, eventos sociais, tudo o que englobe a maquilhagem. Já colaborei em vídeos promocionais para empresas regionais, bem como internacionais, por exemplo, há não muito tempo, trabalhei para uma empresa alemã, a promover o destino Açores.
Há pouco tempo, também tive a incrível oportunidade de colaborar no filme da Cláudia Varejão, produzido cá.
Faço parte também de um projecto do ´Pop Weddings Azores´, em que o conceito do projecto é poder casar em qualquer sítio e a qualquer hora, sem qualquer preocupação por parte dos noivos.

Que episódios caricatos acontecem no mundo da maquilhagem?
Que me lembre eu não tenho muitos episódios caricatos no mundo da maquilhagem, mas os únicos que me esteja assim a lembrar são de alguns indivíduos do sexo masculino que quase se recusam a maquilhar para a tv. Mas às vezes ouço cada pergunta que me apetece rir, mas não posso. Como por exemplo: ‘Oh menina, isso é mesmo preciso?’, ‘Como é que isso sai depois?’, ‘Vai tirar-me quantos anos com essas coisas todas?’. São conversas assim do género que acho piada e que me acontecem, às vezes, no meu dia-a-dia.

Qual a dica que gostaria de partilhar com os leitores do Diário dos Açores?
Tenho duas dicas para partilhar com quem está a ler este artigo e que goste particularmente de maquilhagem.
A primeira é aquele típico cliché, de que cada um de nós deve seguir os sonhos e principalmente agarrar as oportunidades que a vida nos dá. Nada é certo, mas seguir algo que nos move e nos dá prazer, é garantia de felicidade, porque eu sou feliz no que faço, todos os dias, e cada experiência que tenho, torna-me mais rica a nível profissional e pessoal.
A outra dica, é mais direccionada para a maquilhagem, que na minha opinião, foi concebida para realçar a beleza que há em cada rosto. Usem-na para isso! Não para alterar os vossos traços naturais, porque devemos ir ao encontro de tudo o que é natural, de forma simples, bonita e elegante.
Sejam felizes e brilhem muito!

jornal@diariodosacores.pt

 

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