Três Maravilhas da  Poça Simão Dias (S. Jorge)

Três Maravilhas da Poça Simão Dias (S. Jorge)

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Em Parte Certa

Inicio este relato ainda na Fajã João Dias (ver história anterior na edição de 24 de Outubro), com o meu guia-surpresa, o Hugo.
Pareceu-me ver espinafres, a crescer à beira da Fajã, juntinho ao mar.
Pois é, senhora - confirmou ele – são espinafres óptimos e já estão temperados com a água do mar, prontos a comer.
Mas - acrescentou - há espinafres ainda em maior abundância na Poça Simão Dias, também bem temperadinhos.
E eu, olha que bom, é para lá que sigo esta manhã. E assim foi.
Todos me tinham gabado esse local: as águas azuis celestes, calmas, paisagem encantadora e única.
João de Melo (in Açores, O Segredo das Ilhas) fala de “uma sensação de que as pedras se fragmentaram no mar (...)” e, menciona um “lago de águas tranquilas”.
Ora bem, não vi nada azul celeste e muito menos águas calmas.
O mar andava zangado, ou com o vento ou com o sáurio que é a ilha, as ondas transpunham a barreira natural de rochas, a água meia turva agitava-se ao compasso das ondas.
Mas não foi por isso que deixei de mergulhar naquelas águas, dizendo ao mar que rugisse à vontade, que o abraço das rochas me protegeria. E lá que vi pedras, vi.
Fiquei a olhá-las nas paredes da Poça, ainda inteiras, as famosas colunas de basalto.
O céu estava meio escuro, e a certa altura chuviscou. Tudo isso foi maravilhoso porque afugentou as gentes e pude apreciar em paz, sem os “está fria?”, “tira-me uma foto a apanhar esta cena toda”, “olha, está a chover, olh’ó meu telemóóóóóóvel, ai, ai, ai!!!”....
Melhor ainda, a água da chuva molhou aquela parede basáltica, que luziu, parecendo ganhar tamanho e textura.
Isso sim, uma maravilha muito acima dos azuis celeste e calmarias.
Um caranguejo também achou que era boa altura para um passeio.
Mas, então, e os espinafres???
Lá estavam eles à minha espera, naquele caminho tortuoso, entre as rochas.
Não houve testemunhas, mas colhi um punhado de folhas tenrinhas que alojei na minha sandes de ovo mexido, subtraída no buffet do pequeno-almoço.
 É que é um pecado ainda mais grave, neste paraíso, interromper estas descobertas para almoçar num restaurante.

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