“Barack Obama chamava-me The  Azorean Guy”
Francisco Resendes

“Barack Obama chamava-me The Azorean Guy”

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Pete Souza, o fotógrafo açor-americano da Casa Branca

Pete Souza, o luso-americano de ascendência açoriana e natural de New Bedford, tendo crescido em South Dartmouth, e que prestou serviço na Casa Branca, em Washington DC, como fotógrafo oficial do saudoso presidente Ronald Reagan e mais tarde também fotógrafo oficial e diretor do Gabinete de Fotografia na Casa Branca durante os dois mandatos (8 anos) do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, esteve à conversa com o PT, numa entrevista conduzida a partir da sua residência em Madison, Wisconsin, via skype.
Professor Emeritus de Comunicação Visual na Ohio University, para além da paixão pela fotografia é autor de diversos livros, um dos quais bestseller “Obama: An Intimate Portrait”, publicado em 2017, sendo considerado pelo New York Times um dos melhores livros de fotografia de todos os tempos.
O seu mais recente livro “Shade: A Tale of Two Presidents”, publicado em outubro de 2018, teve também o selo de bestseller pelo NY Times, e que conta a história das administrações de Barack Obama e Donald Trump através de uma série de justaposições visuais. Em 2008 havia publicado “The Rise of Barack Obama”, com fotos exclusivas do então senador, antes de assumir a presidência dos EUA.
Foi através daqueles dois livros que Souza tornou-se assunto de um documentário denominado The Way I See It, em novembro de 2020.
Souza proferiu ainda diversas palestras sobre a sua arte e paixão pela fotografia no Smithsonian Museum of American History, Carnegie Hall, Harvard University, FaceBook e em países como Itália, Holanda, Espanha, Índia, Reino Unido e... Portugal, para além da sua participação nos mais conceituados programas de TV, designadamente CBS Sunday Morning, Dateline NBC, 20-20 da ABC, NBC Nightly News, Morning Joe, Face the Nation, Fox News Sunday, The Today Show, entre outros.
Iniciou a sua carreira trabalhando para dois jornais de Kansas e posteriormente no Chicago Sun-Times, Chicago Tribune e na revista National Geographic.
O extenso e apreciado trabalho de fotografia tem sido motivo de diversas exposições nas mais famosas universidades dos EUA.
Na entrevista concedida ao Portuguese Times, recorda a sua ascendência lusa e a família que ainda reside nesta região.
“Os meus avós maternos, oriundos da ilha de São Miguel, Açores, residiam em New Bedford e de vez em quando visitava-os com toda a família normalmente por ocasião de certas festas, Thanksgiving, Natal, etc. e era aqui que aprendiamos a viver a cultura portuguesa, através de vários sinais, como a gastronomia (recordo-me perfeitamente de comer o apetitoso caldo verde, a caçoila e o chouriço e ainda hoje faço caldo verde para a minha família aqui em Wisconsin) e a música, embora nunca tenha aprendido a falar português, se bem que os meus pais ocasionalmente falassem a língua”, começou por dizer ao Portuguese Times o fotógrafo Pete Souza, cuja paixão pela fotografia só despertaria já nos tempos da universidade.
“Nos primeiros tempos em que frequentava a universidade constatei que tinha essa apetência e decidi que fotografia seria o que realmente desejava fazer para o resto da minha vida”, refere Souza, que prosseguiu os seus estudos, fixando residência durante 32 anos em Washington DC e residindo atualmente em Madison Wisconsin.
“Fui nomeado fotógrafo oficial do saudoso presidente Ronald Reagan nos últimos cinco anos da sua presidência, altura em que tive oportunidade de fazer parte da sua comitiva numa digressão à Europa, incluindo Portugal Continental e depois fui nomeado fotógrafo oficial do presidente Barack Obama durante os dois mandatos: em 8 anos”, recorda Pete Souza, que na presidência de Obama conheceu os quatro cantos do mundo.
“Visitei todos os cinquenta estados dos EUA e mais de 60 países, com acesso a praticamente todas as reuniões do presidente Obama, quer em Washington quer até mesmo em deslocações no Air Force One (avião do presidente), de tal forma que ele, que conhecia muito bem a minha família e donde era proveniente, chamava-me de “The Azorean Guy” e juntos viemos a conhecer a terra de origem dos meus avós maternos, quando em 2016 escalámos a Base das Lajes, na ilha Terceira, para uma escala técnica numa rota entre a Europa e a América do Sul... Aqui tivemos tempo para relaxar e apreciar a beleza paisagística da ilha Terceira, pelo menos naquele espaço no aeroporto das Lajes, na realidade um momento inesquecível”, recorda Pete Souza durante uma conversa via skype com o Portuguese Times, adiantando ter visitado também Portugal Continental durante a administração Obama.
Todos os momentos como fotógrafo oficial da Casa Branca foram para ele inesquecíveis, numa tarefa que exigia naturalmente total concentração, alto nível de profissionalismo e tudo ao rigor e com pouco tempo disponível dedicado à família. “Foi certamente especial para mim a escala que efetuamos na Base das Lajes, onde eu e o presidente Barack Obama, a sós”.
Embora já na situação de reformado, mantém-se ativo noutras tarefas.
“Estou reformado desta profissão de fotógrafo da Casa Branca, mas mantenho-me ativo quer na publicação de livros quer em workshops, conferências em que sou chamado a intervir e isto mantém-me muito ocupado, embora não tenha agora um trabalho específico”, refere Pete, que tinha agendado a realização de um workshop nos Açores em 2020 e que teve de ser adiado devido à situação de pandemia em que ainda vivemos. “Continuo a ter uma vida bastante ativa no mundo da fotografia”, esclarece Pete Souza, que mantém contactos com algumas personalidades nos Açores.
“Sim, tenho contactos com algumas entidades nos Açores, com elementos do antigo governo socialista, nomeadamente com o antigo presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, até porque visitei os Açores três vezes”.
“Nunca devo dizer nunca, mas a verdade é que foram oito anos de trabalho muito intenso e ativo sacrificando o tempo disponível para a família e sinceramente penso que já não tenho paciência nem idade para voltar a ser fotógrafo na Casa Branca”, conclui Pete Souza, que ainda tem familiares na área de New Bedford.
“Deslocava-me com frequência quando a minha mãe ainda era viva (faleceu em outubro de 2020) e depois disso efetuei uma visita a New Bedford e Martha’s Vineyard em visita de pesquisa de dados para a publicação de um dos meus livros”, conclui Pete Souza.

 Exclusivo Portuguese Times/
Diário dos Açores

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