Velhos cenários com novas variantes
Mário Freitas

Velhos cenários com novas variantes

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Conversas pandémicas (83)

1. A Alemanha meteu-se por atalhos…
Veja-se uma comparação entre a situação pandémica, no dia 30.11.2020 e no dia 30.11.2021, na Alemanha.
Situação pandémica em 30 de Novembro de 2020:
cobertura vacinal: 0%
variante em circulação: tipo selvagem
incidência = 138
3925 pacientes em cuidados intensivos
305 mortos (média de 7 dias)
Situação pandémica em 30 de Novembro de 2021:
cobertura vacinal: 71%
variante em circulação: Delta
incidência = 452
4636 pacientes em cuidados intensivos
273 mortos (média de 7 dias)

2. BAIXA COVID19 SIGNIFICA MELHOR SAÚDE ECONÓMICA
Uma análise do IE Molinari demonstra que os países que procuraram conter a pandemia, e assim a mortalidade no seu povo, protegem melhor as suas economias. A SAÚDE PÚBLICA constrói riqueza económica, desde sempre. Os dados são de 24 países da OCDE, que publicaram os dados do PIB do 3o quadrimestre de 2021.

3. A variante Omicron
A variante Omicron do Sarscov2 alarmou, por estes dias, os cientistas devido ao grande número de mutações genéticas que carrega - cerca de 50, incluindo pelo menos 26 que são exclusivas desta variante. Porém, mais mutações não significa necessariamente que a variante “seja pior”: por vezes as mutações funcionam em sinergia, para tornar o vírus mais assustador; mas, também podem anular-se mutuamente. A grande dúvida, neste momento, em todo o mundo, é perceber se as vacinas actuais funcionarão contra esta variante Omicron.
A variante Omicron tem, em particular, uma mutação chamada N501Y, que permite que o vírus se ligue às células humanas com mais firmeza. Esta mutação também estava presente na variante Alfa, e estava ligada à sua contagiosidade. No entanto, sabemos que a variante Delta, que não tem essa mutação específica, é mais transmissível do que a Alpha. Isto porque a Delta tem outras mutações que aumentam a sua transmissibilidade.
A contagiosidade de uma variante depende de quão bem o vírus se liga aos receptores nas células humanas, mas também da estabilidade do vírus nas vias aéreas, onde ele se replica, e quanto é exalado.
A variante Omicron tem um grupo de mutações, todas elas associadas a uma ligação mais forte às células humanas. Como a variante vai actuar no organismo humano exigirá estudos, que estão em curso em todo o mundo.
Por ora, e para já, o relatório preliminar afirma que a variante Omicron é 1,3x mais transmissível do que a variante Delta, e que nos não vacinados acarreta um risco 2,4x superior de gravidade.
Gauteng é uma província no norte da África do Sul, que tem a maior parte do território definido por 2 das maiores cidades do país: Pretória, a capital nacional, e Joanesburgo. Analisando a actualização dos dados de casos de COVID19 em Gauteng, verificamos que a média passou os 2000, ontem. Isto dá-nos uma linha de evolução que parece mais íngreme do que as três ondas anteriores. Na última onda a média de casos demorou 15 dias, para ir de 1000 a 2000 casos; desta vez demorou 4 dias.

4. O Canadá avança para um outro nível
Viajantes não vacinados, com mais de 12 anos, não podem embarcar num avião ou num comboio, desde o dia 30 de Outubro. Um teste COVID-19 negativo não serve como substituto. O governo federal permitiu um curto período de transição para viajantes não vacinados, que pudessem embarcar, desde que apresentassem um teste COVID-19 molecular negativo, feito 72 horas antes da viagem.
O novo requisito rigoroso entra em vigor em reacção ao surgimento da nova variante Omicron, que levou também ao fecho de fronteiras e a uma triagem mais apertada, em todo o Canadá.

5. Grécia torna a vacina obrigatória, acima dos 60 anos
A Grécia anunciou que vai impor a vacinação obrigatória contra a Covid-19 a pessoas a partir dos 60 anos. Uma medida drástica que visa enfrentar uma nova vaga de casos. Quem recusar a vacina incorre numa multa.
Esta medida será aplicada a partir de 16 de Janeiro. Os gregos com mais de 60 anos que não foram vacinados devem, até 16 de janeiro, marcar uma consulta para a sua primeira dose, ou enfrentarão uma multa de 100 euros, todos os meses.
Já este mês, as pessoas não vacinadas foram proibidas pelo governo de frequentar o interior de vários locais, como restaurantes, cinemas, museus e ginásio, mesmo apresentando teste negativo.
Na Grécia, com uma população de cerca de 11 milhões de pessoas, a taxa de vacinação situa-se nos 63%.

6. Festas em plena 5a vaga
Estamos na 5a vaga. Com uns “bichinhos novos” que, como sempre, conheceremos melhor com o tempo. É tempo de nos cuidarmos. Ontem, hoje e sempre.
1. Vacine-se.
Tome a 1ª, a 2a, a 3a dose da vacina anti-sarscov2.
Acredite que os médicos e cientistas estudaram muitos anos, e sabem o que é melhor para a saúde.
E, obviamente, sabem muito mais do que alguém que elabora as suas opiniões sobre vacinas enquanto vê uns vídeos no YouTube, sentado na sanita.
2. Proteja-se o máximo que puder: use máscaras KN95, ou superior.
3. Evite jantares públicos, sobretudo os “jantares de Natal” da sua empresa, ou do seu serviço.
4. Teste-se antes das reuniões ou jantares de família. E mantenha os máximos cuidados.
Sobretudo quando contactar com a avó de 90 anos. Ou na proximidade do sobrinho de 8 anos, que “anda constipado há 1 semana”, mas que não pode usar máscara, ou fazer teste, porque o menino é “muito sensível a essas coisas”.
5. Abra as janelas de casa e do escritório. Ventile. Tenha purificadores de ar HEPA em espaços interiores.

* Médico graduado em Saúde Pública e Delegado de Saúde

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