Artur Lima alerta que os Açores “têm de ter ganhos do uso da Base das Lajes”
Diário dos Açores

Artur Lima alerta que os Açores “têm de ter ganhos do uso da Base das Lajes”

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O Vice-presidente do Governo Regional dos Açores defendeu, na Comissão Bilateral entre Portugal e os Estados Unidos da América, que a região tem de ter contrapartidas pela utilização da base das Lajes pela Força Aérea norte-americana.
“Deixei bem claro que quem precisa dos Açores e da base das Lajes são os americanos”, avançou o Vice-presidente do Executivo açoriano, Artur Lima, acrescentando que “os Açores têm de ter ganhos do uso da base das Lajes”.
O governante, a quem compete o acompanhamento do Acordo de Cooperação e Defesa celebrado entre Portugal e os Estados Unidos da América, participou, em Lisboa, na 46.ª Comissão Bilateral Permanente entre Portugal e os Estados Unidos da América (EUA).
Segundo Artur Lima, numa altura em que a base das Lajes “ganha cada vez mais importância no contexto Euro-Atlântico”, é preciso que “os Açores, e particularmente a ilha Terceira”, tirem contrapartidas do uso da infraestrutura.
“A base das Lajes neste momento é um activo importante para os americanos e para Portugal continental. Deixei bem claro que nós não aceitamos ser moeda de troca nas relações entre Portugal e os Estados Unidos”, salientou.
O Vice-presidente do Governo Regional disse que alertou, na reunião, que “começa a ser pensado, nos Açores, que uma base militar na ilha Terceira só prejudica a economia da ilha”.
Questionado sobre que contrapartidas a região reivindica, Artur Lima disse que esta matéria terá de ser negociada “noutra plataforma”.
“A questão da segurança do Atlântico. Quem ganha milhões? Os Estados Unidos e a Europa. Ganhos para as alterações climáticas. Quem vende informações? Os Estados Unidos e a Europa. E nós não ganhamos nada com isto. Isto é um centro de negócios, onde eles ficam com o lucro e nós damos a matéria-prima”, reforçou.
O Vice-presidente do executivo açoriano disse ainda ter deixado um apelo, na reunião, para que as autoridades americanas, nomeadamente a embaixada dos Estados Unidos, tratem “os legítimos representantes do povo dos Açores” com “respeito”.
Em 2015 e 2016, mais de 400 trabalhadores portugueses da base das Lajes, com contrato sem termo, assinaram rescisões por mútuo acordo, na sequência da redução do efectivo norte-americano de 650 para 165 militares.
Na altura, a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) calculou que o impacto na economia da ilha Terceira seria “na ordem dos 10% do PIB (Produto Interno Bruto)”.
Artur Lima revelou, por outro lado, que houve “alguma abertura dos americanos para se avançar no processo de descontaminação” de solos e aquíferos da ilha Terceira, em 2022.
“Aceitaram intensificar essa questão durante o ano de 2022 e concluírem, finalmente, o estudo sobre a direção do fluxo das águas. Também aceitaram que constitui um risco para a saúde humana a contaminação e que é preciso avançar na resolução desse problema”, avançou.
Segundo o Vice-presidente do Governo Regional, o estudo deverá estar concluído “em Junho” e deverão iniciar-se novas acções de descontaminação “no final de 2022, início de 2023”.
“A questão da descontaminação na relação com os Estados Unidos para nós é uma linha vermelha. Eles têm de descontaminar e dar passos concretos nesse sentido”, sublinhou.
Em causa está a contaminação de solos e aquíferos na Praia da Vitória, na ilha Terceira, provocada pelo armazenamento e pelo manuseamento de combustíveis e outros poluentes pela Força Aérea norte-americana na base das Lajes.
Identificada em 2005 pelos próprios norte-americanos, a contaminação foi confirmada, em 2009, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que monitoriza desde 2012 o processo de descontaminação.
Artur Lima adiantou ainda que convidou as delegações portuguesa e norte-americana a realizar a próxima reunião da comissão bilateral a acontecer em Portugal (em Dezembro de 2022) na ilha Terceira, onde está localizada a base das Lajes.

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