SãoJorge

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Viagem virtual (com João de Melo)

[Continuação da Viagem virtual (com o João de Melo) : Duas viagens, paralelas, a minha, com os pés nos Açores, e a do João de Melo, através do seu livro “Açores, O Segredo das Ilhas”, nas minhas mãos.]

Carta ao João de Melo
 – Parte II: São Jorge

São Jorge foi a minha ilha de eleição nesta viagem, onde multipliquei os dias. O seu roteiro alargou o meu modo de ver e sentir este “sáurio que dorme”.
“Vejo um território ondulado sobre o comprido, com a mesma crista de vagas montanhosas envoltas pela bruma (...)”. “Este São Jorge não é um sáurio narcísico: limita-se a dormir.”
Tudo começou com a aproximação, de barco, à Ilha. Primeiro ao longe, topei a cabeça do sáurio, a descansar nas águas.
“A terra é a tentação do olhar: erguida ao alto, corrida pelos montes do interior, fendida por rasgões que vão ao fosso sem fundo dos vales”
Por essa razão a terra merece ser percorrida, da Ponta dos Rosais à Pontinha do Topo, ou tropeçando pelas fajãs; ao longo do seu dorso, passando pelo Pico da Esperança (e tantos outros!); ou ainda ao largo, sobre as águas, para ver como os vales sem fundo acabam no mar.
“O som emerge do ventre e do silêncio da terra”
E eu acrescentaria: se se chega à beirinha das fajãs, tal como no Calhau Miúdo (Fajã dos Bodes), o chocalhar dos calhaus, rolados pelo vaivém do mar, é profundo e grave, e sobrepõe-se a tudo o mais, incluindo o som mudo da paisagem, deslumbrante.
“Conheço agora o cubre: uma plantazinha de flor amarela, só decorativa, com odor silvestre”
“A sul ou a norte, leva-nos de espanto em espanto, com uma fajã a seguir à outra, uma falésia oblíqua por detrás do cabo que esconde outra falésia ou desvenda outro cabo”.
“À nossa direita, ergue-se por entre pinceladas de nuvens a solene montanha do Pico”
Aliás, à direita, à esquerda, à frente, ou imaginada por detrás das nuvens: a montanha do Pico, para além de solene, é omnipresente, é bela, magnânima. E parecesuperar-se quando avistada do lombo ondulado do sáurio de São Jorge.
“Aproveito uma aberta, vou aos Casteletes (...). Aí observo a paisagem do alto do seu miradouro: ei-la, entre vagas de mar(...)”

[Continua…]

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