Polígrafo pré-eleitoral
Mário Abrantes

Polígrafo pré-eleitoral

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São várias as notícias falsas (fake news) veiculadas seja pelas redes sociais, seja pelos principais órgãos da comunicação social nacional, com vista não a informar de forma isenta e objetiva, como compete em especial a estes últimos, mas a influenciar a opinião e o voto dos portugueses num sentido pré-determinado pelas forças políticas e económicas dominantes no país, para o ato eleitoral do próximo dia 30 do corrente. Vejamos algumas dessas notícias:
- O PCP foi o principal responsável pela rejeição do Orçamento Geral do Estado para 2022.FALSO! Com exceção do PS e do PAN, que se absteve, o PCP foi, de todos os partidos que rejeitaram a proposta de OGE apresentada pelo governo minoritário do PS, incluindo o PSD, o BE, o CDS, o IL, o CHEGA e os VERDES, aquele que mais alongou (até 72 h antes) as negociações para tentar viabilizar o OGE 2022, sendo o último a anunciar o seu insucesso;
- O chumbo da proposta de OGE obrigou o Presidente da República a convocar Eleições Gerais antecipadas para 30 de janeiro. FALSO! O Presidente da República não estava obrigado (contradizendo inclusivamente a sua anterior pretensão de “não acrescentar crise à crise…”) a convocar eleições antecipadas por causa do chumbo da proposta do PS, pois o governo de António Costa poderia continuar a governar em 2022, incluindo aumentar as pensões em janeiro, e apresentar entretanto nova proposta de orçamento à apreciação da Assembleia da República. Quem defendia eleições antecipadas era o PSD, no que foi rapidamente secundado pelo próprio partido do governo;
- Como condição para aprovação do OGE/2022, o PCP e o BE queriam obrigar o governo minoritário do PS a aceitar todas as suas propostas. FALSO! Como aconteceu com outros, os casos do Salário Mínimo e da Legislação Laboral são paradigmáticos: O PCP recuou dos seus 850 € até aos 750 €, defrontando-se sempre com a intransigência do PS de não sair do seu valor negocial inicial, os 705 €. Por outro lado, ainda que em paralelo com o OGE, com exceção do nº de faltas justificadas para o luto parental, o PS acabou por recusar-se sempre a reverter as alterações negativas à legislação laboral impostas pelo governo PSD/CDS, incluindo mesmo aquelas que afirmou estar disponível para reverter (como repor o pagamento das horas extraordinárias para os valores pré-Troika, limitar a contratação a prazo ou revogar os contratos de muito curta duração e o alargamento do período experimental);
- A esquerda só conseguirá um governo estável se o PS obtiver maioria absoluta dos deputados (50% mais 1). FALSO! Para lá de esta falácia parecer estar por detrás da intransigência negocial do PS para o OGE/2022, o passado demonstra bem que a esquerda, não como rótulo, mas como conteúdo próprio das ações e medidas de política, nunca esteve fundamentalmente ligada às políticas dos governos do PS com maioria absoluta, mas antes aos governos minoritários desse mesmo partido, com suporte parlamentar conjuntural dos partidos à sua esquerda (BE, PCP e VERDES), como foi exemplo flagrante o Governo de António Costa que, em 2015, resultou da abertura do PCP à sua viabilização, como forma de desalojar a direita (PSD/CDS) do poder;
- As eleições de 30 de janeiro disputam-se para eleger António Costa ou Rui Rio como 1º ministro. FALSO! Quem difunde esta mentira está a promover uma artificial bipolarização entre partidos que entretanto já publicamente declararam não excluir o entendimento entre si (bloco central), e está a procurar incentivar de forma perversa o voto dito “útil” dos eleitores à esquerda e à direita destes dois partidos, quando o que se trata é de eleger 230 deputados cuja pluralidade partidária é que determinará que venham a ser mais progressivas ou retrógradas e a estarem mais à esquerda ou mais à direita as futuras caras e políticas governativas em Portugal…

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