O último mês do ano de 2021 brindou-nos com o resultado de uma grande produção cinematográfica e com mais do que isso: com uma mensagem social, cívica e política.
O “Don’t look up” não é apenas um filme, é um alerta à consciência, individual e coletiva, para o perigo da eleição de políticos impreparados, amadores e populistas, que não olham a meios para atingir os seus fins ou o dos seus.
Poderia ser classificado como uma sátira “positiva”, que regista friamente e de forma cómica o descrédito que dos políticos, dos órgãos de comunicação social e das massas, face ao discurso técnico e científico, agarrando-se a um discurso ideológico e político - e porque não religioso, embora no filme não seja o caso - há muito datado.
É, assim, um retrato da negligência política, voluntária ou involuntária, face aos mais competentes quadros técnicos, aos mais qualificados cientistas e, em geral, aos factos e à ciência, algo que se demonstrou trazer consequências graves.
Como se não bastasse, ainda somos brindados com um retrato firme da subjugação e subserviência do poder político ao mais alto capital, bem como da impotência e ociosidade do poder político contemporâneo face a tais influências.
O melhor, só mesmo a nomeação de “inabilitados” (para as áreas em causa) para as mais altas instâncias de um país. Um retrato do que se passou nos USA e ainda se passa no Brasil, mas que bem se sabe ser uma política sem grandes fronteiras.
Deu no que deu. E há de dar no que der.
“Based on truly possible events” como os próprios classificam.
Sobre o filme, importa dar nota que foi lançado em Portugal a 8 de dezembro de 2021, em alguns cinemas, estando disponível na plataforma de serviço de streaming por subscrição Netflix. O diretor do filme foi Adam McKay, sendo que contou com a participação de Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence e Meryl Streep.