Esclerose múltipla (EM) também conhecida por esclerose em placas
António Raposo

Esclerose múltipla (EM) também conhecida por esclerose em placas

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Conselhos de médico

1 – Esclerose múltipla (EM), também conhecida por esclerose em placas.
2 – A esclerose múltipla é uma doença crónica, autoimune, inflamatória e degenerativa que afeta o sistema nervoso central (SNC).  
3 – Ser uma doença autoimune significa que são as células do nosso sistema imunitário (tão falado atualmente por causa da Covid 19 e das vacinas), que são responsáveis pela nossa proteção contra “agressores” externos, que por um mecanismo, que ainda não se sabe a razão, atacam determinadas células do nosso organismo. É como se um poletão de um exército se revoltasse contra a sua unidade.
4 – Este ataque, no caso da EM, afeta essencialmente a bainha de mielina que alimenta, rodeia e protege os neurónios e que é responsável pela transmissão dos impulsos elétricos.
5 – Existem duas formas da doença. As chamadas formas remitentes, mais frequentes com início na idade adulta dos 20 aos 40 anos, ocorrem em surtos sucessivos sem progressão contínua da doença. São cerca de 85% dos casos.  As formas primárias progressivas, típicas depois dos 40 anos, são caracterizadas por uma evolução lenta e progressiva. Afeta em especial as mulheres, numa relação de 2 para 1. Nos Açores estima-se que existam cerca de 150 casos.
6 – Os principais sintomas são: “formigueiros”, dormência, “comichão”, ardor, dor diminuição da sensibilidade.  A perda de força num ou mais membros (paralisia parcial) é uma das queixas que mais assusta os doentes, pois esta associada às alterações da sensibilidade e da coordenação é um dos fatores que contribui para uma perda da autonomia na marcha ou nas atividades da vida diária. Problemas de visão com diplopia (ver duas imagens), fala arrastada, fadiga, tonturas e alterações do equilíbrio e problemas da função sexual, do intestino e da bexiga.
7 – Como a doença evolui por surtos e pode haver longos períodos em que se mantém “silenciosa”, isto é, sem agravamento.
8 – A confirmação do diagnóstico, que deverá ser orientado por médico neurologista, é feita através de uma análise do líquido cefalorraquidiano (voltaram as palavras “complicadinhas”) colhido através de uma punção lombar e de imagens de ressonância magnética nuclear. O nome de esclerose em placas deriva do facto de aparecerem lesões que parecem “placas” na medula.
9 – Não existe cura para a doença. Os tratamentos com cortisona na fase dos surtos têm o objetivo de controlar o processo inflamatório. Os imunomodeladores e imunossupressores (palavras ainda mais complicadinhas) modelam e bloqueiam a resposta imunitária. Estes medicamentos que diminuem a resposta imunitária, mas que são necessários, colocam o doente em risco de “apanhar” outras doenças.  Os tratamentos de reabilitação são muito importantes e centram-se na função motora e na autonomia do doente. A recuperação de algumas funções só é possível com a reabilitação intensiva, adaptada às necessidades de cada um e sempre supervisionada por médico fisiatra.
Nota: Como a doença não tem cura, existem muitas crenças quer para a origem da doença quer para o tratamento. Procurar ajuda especializada é sempre a melhor opção. A doença é grave e será ainda pior, muito pior, se não se fizer aquilo que a ciência recomenda. Curandeiros, mezinhas, picadas de abelha e outras crenças com “mezinhas” devem ser evitadas a todo o custo.

 

* Médico fisiatra
e especialista em Medicina Desportiva

 

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