Artistas açorianos apresentam-se abaixo  da superfície no festival Montanha
Diário dos Açores

Artistas açorianos apresentam-se abaixo da superfície no festival Montanha

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O saxofonista Luis Senra já é conhecido das audiências na ilha do Pico. O projecto “Abaixo da Superfície” tem sido desenvolvido anualmente no Montanha Pico Festival, e nesta edição foi enriquecido, no passado fim de semana, quando a poesia de Filipa Gomes aliou-se ao saxofone e as palavras fundiram-se com os sons.
“Chegados à humilde Furna Nova I e à Gruta do Soldado colocamos o capacete e, como evocando Orpheu, entramos no local mais vulnerável da terra – o subsolo,” explica Luis Senra. “Irónico, como o local mais vulnerável da terra é, na realidade, um local duro e rochoso, tal como nós nas nossas múltiplas faces e formas de sentir.”
“A partir do seu interior a partilha aconteceu, dando lugar a um diálogo colectivo que começou com a criação de uma obra em tempo real, alimentada pelos elementos naturais do lugar e pelo público através da sua simples presença e atenção, e que terminou no cruzamento de histórias fruto desta mesma (co)criação,” adicionou Filipa Gomes.
“Através do som, da palavra e do sentir, as ideias – inicialmente individuais – tornam-se mais próximas umas das outras, sintonizando-nos no mesmo rumo, numa mesma voz. Então saímos, tiramos o capacete e encaramos o mundo de forma diferente. Mais vulneráveis, talvez, mas sem dúvida mais fortes.”
Abaixo da Superfície é uma experiência artística com uma envolvência humana especial.   Desenvolve-se a metros de profundidade através da exploração do som na sua relação com as cavidades vulcânicas, procurando infinitas possibilidades de conexão profunda e genuína com a natureza e todos os seus elementos, a percepção dos contrastes e equilíbrios de luz e escuridão e a adaptação às possibilidades de cada desafio encontrado, transformando cada novo elemento numa nova oportunidade de interacção, confrontação e criação.
Enquanto que Luís Senra explora o som na sua relação com o lugar e a arquitectura, e em especial com a natureza, através do saxofone e da improvisação, Filipa Gomes intercala as palavras do mundo das ideias, atribuindo-lhes, através da exploração do som, recriação e imitação de paisagens sonoras – uma maior profundidade e intensidade procurando efectuar ligações humanas, potenciando a comunicação do silêncio de cada um presente no espaço que integra.
O projecto “Abaixo da Superfície” já visitou uma dúzia de cavidades na ilha do Pico. O Montanha Pico Festival continua até 30 de Janeiro.

 

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