Todos à espera de surpresas  nas eleições
Rafael Cota

Todos à espera de surpresas nas eleições

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Arrancou a campanha eleitoral

Aproximam-se as eleições para a Assembleia da República, marcadas para 30 de Janeiro, envoltas em muitas dúvidas - mais do que o habitual -, na expectativa do resultado que vier a sair, mas sobretudo na sequência desse resultado que solução conseguirão os partidos encontrar, a nível nacional, no caso de não se concretizar uma maioria absoluta.
Fica, também, a dúvida na capacidade dos partidos emergentes conciliarem as suas decisões, com as posições que tomaram no debate do plano na Assembleia da República.
Há ainda a interrogação sobre o valor da abstenção, tendo em conta que muitos nunca aceitaram a necessidade desta eleição, bem como pelo facto de ocorrer em cima da pandemia que levará a que algumas pessoas não se sintam motivados, ou por receio ou por discordância da sua realização.
Estarão todos, portanto, à espera das surpresas que reservam os resultados do dia 30.
De todo o modo, uma vez que a sua realização é, agora, inevitável e a campanha oficial já se iniciou, tem sentido revisitar os resultados mais recentes para se ficar com uma ideia das posições que cada partido e força política parte para esta eleição.
Nos Açores, o PS venceu as duas últimas eleições, em 2019 e 2015, mas em 2011, a vitória tinha sido do PSD.
De 2019 para cá realizaram-se as eleições regionais onde o PS teve mais votos, mas o PSD conseguiu encontrar uma solução parlamentar e formar governo, como aconteceu a nível nacional.
Nas eleições autárquicas o PS ganhou 9 câmaras e o PSD 8 (antes tinha 5), concorrendo de forma isolada ou em coligação com o CDS e o PPM.
O CDS-PP manteve a Câmara de Velas e um grupo de independentes voltou também a vencer na Calheta.
Quer isto dizer que o PSD tem vindo a conquistar espaço, todavia, ainda não terá solidificado uma base social de apoio como teve em tempos.
O PS também já não tem hoje uma posição tão sólida.
Estas observações não se enquadram, porém, de uma forma direta nestas eleições, dado que, tradicionalmente, em atos eleitorais nacionais, são os líderes que mais se evidenciam no terreno da campanha.
Todavia, não deixa de se poder fazer uma leitura sobre a tendência e a solidez de algumas forças, sejam as tradicionais ou as que têm surgido no cenário político regional.

 O receio da abstenção

O que é igual para todos é a abstenção, que, neste caso, assume uma preocupação acrescida para as forças políticas, pela leitura que habitualmente se faz do interesse pela atividade política, ou pela eleição em causa.
No caso dos Açores, nos últimos anos, verifica-se que os valores mais elevados da abstenção registam-se nas eleições europeias, depois as nacionais, a seguir as regionais, enquanto nas autárquicas se verifica, normalmente, uma maior afluência, como se pode ver no gráfico.
Durante muito tempo, as forças políticas e comentadores, relevaram o valor mais elevado da abstenção na Região, uma situação que foi deixando de ter sentido porque está praticamente demonstrado que uma parte dessa abstenção é fictícia e tem a ver com os emigrantes que têm cartão de cidadão português e estão, por vezes, tão longe dos consulados que não é fácil andar distâncias enormes para ir votar.
Numa das últimas eleições um jornal nacional deu exemplo de uma pessoa que teria de fazer uma viagem de avião de duas horas para chegar ao consulado mais próximo para votar.
Esse fenómeno também acontece no continente, mas nos Açores, onde a emigração é maior, tem maior impacto.
Fica também por saber, que influência terá o Covid na afluência às urnas.

 A solidez dos novos partidos

Cada vez surgem mais partidos na disputa dos lugares, ou pelo menos na procura de um tempo de antena onde possam passar a sua mensagem.
No caso dos Açores apresentam-se 15 partidos e forças políticas, ente eles alguns totalmente novos ou que concorrem pela primeira vez no arquipélago.
É o caso do VOLT Portugal, um partido espalhado pela Europa, o “Reagir Incluir Reciclar, com a sigla R.I.R”, o “Ergue-te” e a “Aliança Democrática Nacional”.
Para além do CHEGA, do Livre e do Iniciativa Liberal que já concorreram em eleições anteriores.

 A grande interrogação
destas eleições

Todo o ato eleitoral é feito com um conjunto de dúvidas sobre os resultados e parâmetros que não se controlam e que, por vezes, nem as sondagens detectam.
Os líderes costumam, inclusive, dizer que a verdadeira sondagem é no dia das eleições.
No caso das eleições do próximo dia 30, acrescem outras dúvidas e é possível que surjam surpresas que venham a ditar quadros bem diferentes no hemiciclo nacional.
Ou seja, se haverá uma tendência de esquerda, como tem acontecido ou se agora os resultados apontarão para um novo figurino na política do país.
No quadro que se publica é possível recordar o número de deputados de cada partido nas ultimas três eleições e que levaram a um desenho parlamentar e governativo para o país não imaginável, da primeira vez que ocorreu.

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