Horácio Arruda, com origem açoriana, demite-se de Director da Saúde Pública  do Quebeque
Diário dos Açores

Horácio Arruda, com origem açoriana, demite-se de Director da Saúde Pública do Quebeque

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«Os recentes comentários sobre a credibilidade das nossas propostas e sobre o nosso rigor científico causaram sem dúvida uma certa erosão na adesão da população».
Foi com esta frase, entre outras, que o Doutor Horácio Arruda justificou, em carta dirigida ao primeiro-ministro do Quebeque, o caquista François Legault, a sua demissão de Diretor da Saúde Pública do Quebeque, cargo que acumulava com o de vice-ministro da Saúde.
Como médico, o Doutor Horácio Arruda entrou ao serviço do funcionalismo público no ano 2000.
Entretanto, há 12 anos, e a convite do ministro da Saúde do governo liberal de então, o Doutor Yves Bolduc, o teresense – é natural da cidade de Sainte- Thérèse – assumiu as funções de Diretor da Saúde Pública, um cargo de grande prestígio e muita responsabilidade.
A primeira vez que o médico de origem açoriana – os pais eram oriundos da Freguesia da Relva, concelho de Ponta Delgada – apareceu na ribalta, foi em 2013, aquando da crise do SRAA, vírus com procedência também da Ásia, em Hong Kong mais precisamente.
 Nessa altura, pelo seu eficaz labor, já os elogios à sua capacidade médica e científica vieram de todos os quadrantes.
Resolvida a crise de 2013, Horácio Arruda voltou à sua atividade de todos os instantes, sendo também chamado amiúde para comentar nos meios de comunicação social pareceres sobre a Saúde da população quebequense e suas respetivas implicações governamentais.
Até que apareceu este malvado, a todos os títulos, Covid-19.
Relembre-se que o vírus ainda estava longe de se saber o que era realmente e já o nosso lusodescendente Doutor dava uma entrevista a LuísTavares Bello, na LusaQ TV, onde explicaria que a Covid, tomando-se as devidas precauções, não traria preocupações de maior…
Mas essa afirmação foi feita em fevereiro de 2020.
Em meados de março, o vírus saiu da China e começou vertiginosamente a alastrar-se pelo mundo inteiro, até chegar ao ponto que se conhece hoje…
«Aplanar a curva», «cozinhar pastéis de nata» tornaram-no numa figura querida e admirada por todo o Quebeque, onde chegaram a aparecer vários artefactos com a sua efígie.
Já menos elogiosos foram os seus «passos de dança» no Facebook que acabaram por lhe valer desculpas entremeadas de alguma emoção… Foi a partir daqui que Horácio Arruda começou a ter alguns críticos, que foram aumentando à medida que a pandemia se foi complicando.
Foi assim que começaram a aparecer críticas mais veementes a seu respeitoquando disse que as máscaras podiam ser um «falso sentimento de segurança», entre outras decisões consideradas fora de tempo.
Muito embora continuasse a ser uma pessoa estimada pela maioria da população, a verdade é que os seus críticos foram sempre aumentando, com mais incidência nos últimos meses.
Então, muitos deles passaram, a dada altura, a contestar a sua aproximação ao primeiro-ministro.
Essa contestação depressa passou para a comunicação social.
O ambiente adensou-se ao ponto de se chegar a este desenlace de demissão.
E para isso contribuíram igualmente outras decisões que ficam no ar como desaconselhar o uso das máscaras N95 nas escolas, assim como a purificação das salas de aula…
Logo que se tomou conhecimento da sua demissão – no fim da tarde de segunda-feira – e respetiva aceitação por parte do primeiro-ministro, muitas vozes se levantaram para elogiar e defender a ação do Doutor Horácio Arruda na direção da Saúde Pública durante 12 anos.
Também valorizaram o seu desempenho durante os 22 meses que liderou a equipa responsável por pôr cobro à pandemia, num contexto que todos admitem ser excecional, por completamente desconhecido.   


Exclusivo LusoPresse Montreal/
Diário dos Açores

por Norberto Aguiar, em Montreal

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