Um país em cima do joelho
Osvaldo Cabral

Um país em cima do joelho

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Editorial

Todos sabemos, desde há algumas décadas, que Portugal é o país do improviso.
Somos bons a improvisar e maus a planear.
A telenovela à volta do voto dos confinados é apenas mais um triste episódio da negligência das autoridades portuguesas, até à solução final mais óbvia, mas tardia.
Se os tribunais não autorizavam confinamentos compulsivos em hotéis, como é que seria possível proibir os cidadãos de exercerem um direito constitucional?
Qualquer leigo via a solução final a léguas, mas, à boa maneira portuguesa, lá teve que se recorrer a um parecer da Procuradoria, que concluiu pelo óbvio.
O governo andou baralhado e atrapalhado neste tempo todo, perdendo tempo e sem capacidade para equacionar um plano consistente e a tempo para garantir o voto dos confinados com segurança para todos.
Agora, toca a improvisar à pressa.
Pobres dos autarcas, sempre os mais prejudicados pela preguiça dos governantes e deputados, que agora têm que reiventar como será todo o planeamento no dia da votação, com os meios de segurança que se impõem para eleitores e membros das mesas de voto.
Temos um governo que age sempre por arrasto, um parlamento negligente que devia ter previsto este cenário e uma Comissão Nacional de Eleições que, como já aqui descrevemos várias vezes, é de uma inutilidade atroz.
É o país que temos.

 

Pandemia


A pandemia está longe do fim.
É assim em todo o lado e não só nos Açores.
Fazer crer que somos piores do que os outros e que estamos a seguir caminhos diferentes, para pior, em relação aos outros, é querer enganar os eleitores e assustar os cidadãos já de si preocupados com o seu angustiante dia-a-dia desde há dois anos para cá.
Fazer política com a pandemia não é aconselhável para nenhum partido, muito menos para quem aspira voltar ao poder.
Os números elevadíssimos de casos positivos e internamentos não se podem comparar com a situação do início da pandemia, porque hoje temos vacinas, melhor conhecimento da realidade das variantes e mais preparados em recursos.
A situação actual não pode ser comparada com os óculos de há dois anos, onde também se cometeram erros, muitos deles por desconhecimento.
A vida não pode parar.
Ou então morremos todos da cura.

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