Eu não sou o vírus, disse a Arte, ou a discriminação do setor  cultural artístico
Terry Costa

Eu não sou o vírus, disse a Arte, ou a discriminação do setor cultural artístico

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“Para venderes um bilhete, ou até abrir as portas e oferecer um evento cultural artístico, os participantes e público necessitam de um teste de rastreio à COVID-19. Já era difícil educar e alimentar culturalmente as novas gerações, agora, esquece! Quem pode e vai investir uma manhã a fazer um teste, para ir ao lançamento de um livro no final do dia, ou à noite de cinema?”

 

A cultura social de cafés, bares e restaurantes continua. A cultura religiosa continua. A cultura turística continua com voos a abarrotar, mas atenção, distanciamento social até entrares no avião. A cultura do ginásio continua, e com muita transpiração. Mas, por favor, salvaguardem-se se pretendem continuar com a cultura artística, porque pelos vistos o vírus está é na Arte e Entretenimento.
Sabias que o setor cultural artístico está a ser discriminado, como nunca antes? Esquece os investimentos miseráveis, as burocracias arcaicas, júris que apenas favorecem os seus, mecenas não existentes. Esquece tudo, porque agora estão a escolher as tuas próprias audiências. Para venderes um bilhete, ou até abrir as portas e oferecer um evento cultural artístico, os participantes e público necessitam de um teste de rastreio à COVID-19. Já era difícil educar e alimentar culturalmente as novas gerações, agora, esquece! Quem pode e vai investir uma manhã a fazer um teste, para ir ao lançamento de um livro no final do dia, ou à noite de cinema?
Agradeço os poucos que ainda o fazem, por isso MiratecArts nunca fechou suas portas. Tivemos que adaptar, claro. Mas continuamos a cultivar a música, a dança, a literatura, a pintura e muito mais, para quem ainda acredita que a arte é um bem-estar necessário para a mente, a alma e até o corpo – por isso os workshops continuam.
As regras são diferentes se decido cantar numa igreja ou num auditório. Se tomo um copo num café, as regras também mudam se for para tocar viola. É pura discriminação e não faz sentido para o setor já muito prejudicado e nem para a cidadania.
Estas regras discriminatórias só fazem sentido para entidades que desejam uma população rebanho. Os lobbies incentivam para apenas consumir imagens e mensagens através das plataformas online. O virtual está a crescer a uma rapidez como nunca antes esperado. E claro, novas doenças a surgir derivadas do afastamento das populações. Saúde mental está a ser afetada, como se tivéssemos no meio das Guerras Mundiais. Populações cada vez mais obesas com o incentivar de ficar em casa. Estamos a construir uma sociedade cada vez mais dependente das grandes corporações, incluindo farmacêuticas. Em muitas partes do mundo só sais de casa para ires ao médico – que cena, até parece um filme!
Os deuses vos livrem se forem a um teatro ao vivo, ouvir um guitarrista num cafezinho, ou apreciar escultura numa galeria. Estamos a viver numa era muito estranha. Já pensaram o que sobreviveu das civilizações antes da nossa? A arte e pouco mais.
Os nossos governos incentivam para fecharmos tudo o que é cultura artística. Agora só faltam fechar as escolas.
Mas, os loucos aparentemente somos nós, o setor artístico! Salve-se quem poder.

 

 

* MiratecArts

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