Câmara Municipal aprova votos de pesar  pelo falecimento de Floriano Machado e Álvaro Lemos
Diário dos Açores

Câmara Municipal aprova votos de pesar pelo falecimento de Floriano Machado e Álvaro Lemos

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A Câmara Municipal de Ponta Delgada aprovou, por unanimidade, na sua reunião ordinária, dois votos de pesar pelo falecimento do atleta e jornalista desportivo Floriano Machado e do antigo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada Álvaro de Lemos.
Os votos foram apresentados pelo Presidente da autarquia, Pedro Nascimento Cabral. Floriano Machado faleceu a 13 de Janeiro, aos 64 anos de idade, vítima de doença prolongada. Era natural de Ponta Delgada e foi desde sempre e por natureza um homem do desporto, quer como atleta e treinador, quer mais tarde como jornalista desportivo.
Enquanto atleta, foi jogador de basquetebol, ténis de mesa, futebol e de hóquei em patins. Mas foi no hóquei em patins que se destacou e foi considerado como um dos melhores atletas de sempre dos Açores.
Começou a sua formação desportiva com a patinadora e treinadora Judite Gomes, em 1964, que o educou na patinagem, fruto da experiência que tinha a nível nacional. Depois de uma aprendizagem com ela, de cerca de 3 anos para dominar os patins, ingressou no seu clube de sempre, o Clube Desportivo Santa Clara em 1967/68.
Ao longo dos anos foi-se evidenciando na sua técnica e visto como um modelo a seguir na modalidade que praticou e mais tarde foi seu treinador.
Na década de 80, época que marcou pela positiva o hóquei micaelense com a abertura do Pavilhão Sidónio Serpa, em Ponta Delgada, criando condições para a realização de torneios nacionais e internacionais, jogou contra o campeão europeu da altura, o Sporting Clube de Portugal. No hóquei treinou, também, a Selecção de São Miguel e participou em vários torneios – mais recentemente, em torneios de veteranos. Tinha um sentido apuradíssimo de baliza, uma velocidade tremenda e uma técnica irrepreensível.
Do hóquei passou para o futebol, sempre com o emblema do Santa Clara. O treinador, na altura, era Henrique Ben-David que viu em Floriano Machado potencial para integrar o plantel principal da equipa. Assim foi e com as cores do Santa Clara foi campeão açoriano e subiu à III Divisão do Campeonato Nacional.
Contudo, foi no futebol que sofreu a sua única lesão como desportista, que condicionou o seu futuro nesta modalidade. Saiu de campo como atleta, mas nunca saiu do desporto.  Começou a trabalhar no jornalismo desportivo na RDP Açores, hoje Antena 1 Açores, e foi como relator das tardes desportivas que narrou milhares de jogos e exaltou outros milhares de golos, ao longo de mais de 30 anos de carreira. “O seu entusiasmo e fair-play como desportista, aliados às suas qualidades humanas e de homem da rádio, marcaram indelevelmente o seu percurso” – conclui o voto.
Álvaro de Lemos faleceu a 18 de Janeiro, aos 78 anos de idade. Também natural de Ponta Delgada, onde nasceu 8 de novembro de 1943, Álvaro de Lemos teve como profissão a de Despachante Alfandegário, mas foi a sua acção nos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada que o destacou enquanto cidadão.
Considerado uma figura de referência na vida da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, Álvaro de Lemos foi convidado em 1972 para seu 2.º Comandante. Três anos mais tarde, passou a desempenhar o cargo de Comandante, que manteve até 1984. À frente dos comandos dos Bombeiros de Ponta Delgada empenhou-se na formação e na valorização da corporação. Mas o seu sentido cívico de defesa do lema “Vida Por Vida” levou-o a ir mais longe a apoiar corporações de bombeiros das várias ilhas dos Açores. Assim, e no Pico, apoiou a criação das corporações de bombeiros da Madalena e de São Roque e, nas Lajes, conseguiu que se reabrisse a corporação. Apoiou, também, as duas corporações de bombeiros de São Jorge, em Velas e na Calheta, e em São Miguel, a corporação dos Bombeiros da Povoação e do Nordeste. Aquando do terramoto que devastou as ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge, a 1 de Janeiro de 1980, coordenou os Bombeiros dos Açores no apoio humanitário às vítimas, acabando por ser chamado a contribuir para a instalação do primeiro Serviço Regional de Protecção Civil dos Açores e estruturação dos seus serviços.
O trabalho que desenvolveu nas várias corporações de Bombeiros nos Açores é considerado “uma tarefa heróica”, própria de alguém que dedicou a vida pessoal e social a ajudar o próximo.
Foi, também, um homem de causas. Pelo seu indisfarçável empenho pelas causas açorianas dizia que apenas Deus estava acima dos Açores. Recebeu, assim, vários convites para desempenhar cargos políticos, que declinou.
Como refere o voto, “Álvaro de Lemos foi uma referência incontornável dos soldados da paz nos Açores e um açoriano inabalável nas suas convicções que marcou toda uma geração”.

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