A estranha escolha de Clélio
Alexandra Manes

A estranha escolha de Clélio

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Focando na atualidade da nossa região, têm sido frequentes os discursos do secretário da Saúde referenciando os valores disponibilizados para obras em Unidades de Saúde. Muito bem! Há, realmente, carências tanto nas infraestruturas como nos recursos humanos.
No entanto, quero relembrar o que o seu partido (PSD) dizia e reivindicava, na legislatura passada, relativamente ao centro de saúde das Lajes do Pico. Era o tempo em que o PSD, enquanto oposição, tinha o, então, deputado Jorge Jorge que reclamava, e bem, um centro de saúde construído de raiz, “a todos os problemas estruturais que o atual edifício tem e continuará a ter depois da reabilitação”, e insistia em saber as razões para o Governo Regional não tivesse ponderado avançar com a construção de um edifício de raiz, tendo até em conta que aquele nem lhe pertence.  Muito bem pregava Frei Tomás!
Na verdade, o edifício onde se situa o centro de saúde das Lajes do Pico não pertence à região, apresenta limitações físicas do interior e exterior e situa-se no centro do núcleo urbano da vila sem capacidade de se expandir.
 Por parte do município foi já demonstrada a disponibilidade de terrenos que permitiriam a construção de uma infraestrutura pensada para o presente e para o futuro.
É isto que as pessoas deste concelho querem. Um edifício novo que permita uma resposta eficaz e com capacidade de suportar mais respostas aos seus utentes, uma vez que a atual obra só permitirá a fisioterapia como nova resposta. Continuam de fora os cuidados continuados e cuidados paliativos num concelho bastante envelhecido.
Por outro lado, este concelho continua sem grandes respostas sociais à população mais nova e à população mais envelhecida, não se entendendo a razão para que o edifício que serve ao centro de saúde não seja aproveitado para essas respostas sociais.
Estranhas escolhas, estas.
À hora que escrevo, todos os canais noticiosos dão conta de que a noite que se aproxima será a da maior ofensiva de Putin à Ucrânia. De Putin porque já se percebeu que a população russa está contra esta invasão, que é a prova clara do domínio que pretende ter, numa ameaça séria à Europa que há muito tempo não se via perante uma situação de guerra tão eminente.
Da Ucrânia temos recebido uma lição de resiliência e resistência. Nunca nos esqueçamos de que naquele país soberano se defendem valores universais, sendo a liberdade o maior deles todos. Putin, através do seu comportamento de ódio obsessivo, criou uma lenda: Zelensky. Será esse que a história contará como um herói que defendeu umEstado soberano e o seu povo.
Não obstante à necessidade urgente de tomadas de posição urgentes que revelem o lado no qual a Europa se situa, fechando o cerco a Putin e à oligarquia russa, há que nos organizarmos como país solidário que somos para receber estas pessoas que saem do seu país, fugindo da guerra. A distância física, o nosso espaço descontínuo e a nossa posição ultraperiférica não podem servir de desculpa! Da nossa região saíram milhares de pessoas em busca de melhores condições de vida, umas que fugiam das cinzas do vulcão dos Capelinhos, outras que almejavam alcançar os seus sonhos. Não consigo imaginar os pensamentos que envolvem as pessoas que fogem a uma guerra, deixando família e bens para trás, alguns sob escombros.

Resiste, Ucrânia! Resiste!

 

* Deputada na ALRAA pelo BE

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