Comemoração  centenária
Mário Abrantes

Comemoração centenária

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Enquanto era submetido a um fogo cerrado na comunicação social e nas redes sociais, buscando transformar de forma torpe e caluniosa a condenação da guerra na Ucrânia na doméstica condenação de uma força política portuguesa: o PCP, este partido histórico, atual e que se apronta para o futuro, encerrava com um poderoso e inapagável comício em Lisboa, na praça do Campo Pequeno, as comemorações oficiais do seu centenário.
Um comício, transformado em grandiosa manifestação pela Paz, que começou por desmentir e desmontar de forma perentória e global toda a violenta campanha hipócrita lançada por falsos condoídos com o sofrimento ucraniano, visando, de facto e na prática, atacar o PCP, ao acusá-lo de ser favorável à invasão e à guerra desencadeadas pela administração russa. Um comício que, no entanto e diferentemente das posições da maioria das outras forças políticas nacionais, não deixou passar por bons e inocentes pombinhas da Paz, nesta tragédia humana, tanto a União Europeia, como a NATO mais a sua patroa, a administração norte-americana, responsabilizando-os pela pressão, ameaças e ação político/militar e armamentista contínuas e crescentes, desde 2014, no território da Ucrânia e junto às fronteiras da Rússia.
Bem demonstrativa da intervenção histórica do PCP em defesa da Paz, além das suas conhecidas posições contra a guerra colonial ou as intervenções militares nos Balcãs (antiga Jugoslávia), no Iraque, na Líbia, no Iémen, no Afeganistão, na Síria ou na Palestina, um belo exemplo poderá ser recordado no caso da açoriana Maria Machado, a primeira funcionária clandestina do PCP sob a ditadura fascista portuguesa, que foi, entre 1935 e 1936, uma das fundadoras da então chamada Associação Feminina Portuguesa para a Paz.
Mas o comício tratou também dos assuntos nacionais e do papel do PCP ao longo dos seus mais de 100 anos de vida e de luta. A esse nível, prefiro desta feita recorrer à opinião veiculada por um comentador do jornal Público, não alinhado com o poder dominante:
“A primeira coisa a dizer ao Partido Comunista Português não é parabéns: é obrigado.”…”Note-se que muitas das coisas valiosas pelas quais se bate o PCP nós já temos (o SNS, a Constituição, a escola pública). Note-se também que o PCP contribuiu muito para que as tivéssemos — algumas delas, importantíssimas, por ter sido o primeiro a defendê-las.Quando penso nos comunistas portugueses, penso em seriedade e honestidade, penso em patriotismo e, sobretudo, penso na defesa dos portugueses mais indefesos: os mais pobres, os mais fracos, os mais injustiçados, os que mais precisam de quem lute e fale por eles.Penso também em coragem e teimosia: a coragem de ir contra o que cai bem, de ir contra as modas, de ir contra o conforto da elite política, de ir contra o que aconselham as sondagens de opinião.”
“Acho espantoso que se elogie o trabalho do PCP onde quer que o tenham deixado trabalhar — autarquias, por exemplo —, mas que se queira atenuar esse elogio com um mero reconhecimento da sua “capacidade organizativa” ou mobilizadora ou sabe-se lá o quê.”
“O PCP conseguiu o que fez — o que já fez e está agora a fazer, repito — porque trabalhou, com afinco, lealdade, sacrifício e sentido de missão, para ajudar quem precisava — e continua a precisar — de ajuda.”
“De nenhum outro partido português se pode dizer isto.Que dure mais cem anos, para bem de todos nós.” (Miguel Esteves Cardoso, Público 06/03/2021)PARA QUE A MATANÇA, A DESTRUIÇÃO D

 

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