A escalada do custo de várias matérias-primas essenciais para a produção alimentar, como os cereais e outros derivados, somado ao aumento da tarifa de electricidade, vai provocar a subida de preços, já em Abril, de vários bens essenciais.
O pão poderá ser um destes bens, com o aumento de “alguns cêntimos”, devido ao custo da farinha, que já aumentou junto dos fornecedores.
As oleaginosas também vão aumentar de preço, com destaque para o óleo de girassol (muito utilizado em conservas), que já tem ruptura de stoks.
O presidente das conservas Ramirez, uma das maiores conserveiras, já se manifestou esta semana preocupado com os aumentos dos preços do óleo de girassol e do alumínio, matérias-primas importadas da Ucrânia e Rússia, e também com os custos energéticos.
Carne e peixe
já são mais caros
“No caso do óleo de girassol, há um impacto enorme porque os principais produtores são a Rússia e a Ucrânia. Houve um aumento, se calhar, para o dobro dos preços, situação que para nós é muito complicada”, começou por dizer Manuel Ramirez, acrescentando que, “por outro lado, encontrámos no azeite uma alternativa, mas o azeite está muito especulado, portanto também é difícil ter uma solução, digamos, equilibrada.”
A carne, de vaca e de porco, já aumentou nos talhos açorianos, o peixe continua a subir de preço e os legumes e fruta também vão sofrer acertos nos próximos dias.
Dos produtos importados, o nosso jornal sabe que algumas empresas nos Açores já estão a sofrer com os aumentos de algumas matérias primas, como o papel, vestuário, fertilizantes e outros produtos essenciais para laboração.
Os aumentos mais significativos, segundo alguns empresários açorianos, têm-se verificado nos materiais para construção, obrigando as empresas de construção civil a rever preços.
O próprio Governo Regional já admitiu que poderá rever os preços das obras públicas, conforme alerta lançado pelas construtoras.
Inflação ajuda
à subida dos prelos
A inflação também ajudado à subida de muitos produtos e materiais, como explica Henrique Tomé, da empresa XBT, pois “o setor imobiliário, que tem sido um dos setores mais inflacionados dos últimos anos em Portugal, poderá também continuar a registar aumentos nos preços, uma vez que os preços de muitos materiais estão a subir. Por exemplo, o preço do alumínio já subiu 20% desde o início do ano”.
Nos Açores a inflação mantém tendência de subida, tendo registado no mês passado uma subida para 1,05%, sendo a inflação homóloga de 1,46%, enquanto que a nível nacional é de 4,19%.
As maiores variações médias positivas nos Açores verificaram-se nos “Transportes” (5,81%), “Habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis” (1,56%), “Bebidas alcoólicas e tabaco” (1,45%) e “Vestuário e calçado” com 1,44%.
Combustíveis poderão baixar
ou manter
A boa notícia é que o preço dos combustíveis poderá baixar ou ficar igual nos Açores a partir de 1 de Abril.
Só no final do mês é que se poderá saber qual a média dos valores de referência dos combustíveis adquiridos, mas como vão sofrer uma forte queda no Continente, por intervenção do governo, tudo indica que o Governo dos Açores seguirá a mesma política, podendo intervir no ISP para baixar ou manter, conforme os tais valores de referência.
No Continente, António Costa prefere que a redução temporária do IVA aplicado aos combustíveis seja a medida mais prática por se traduzir diretamente no bolso dos portugueses.
O Governo aguarda pela resposta da Comissão Europeia ao pedido de Portugal de baixar o IVA de 23% para 13%.
Por cá, Vasco Cordeiro desafiou o Governo de José Manuel Bolieiro a baixar o ISP para os valores mínimos (ver notícia na página seguinte).