Todos os cenários são possíveis na crise sísmica da ilha de São Jorge
Diário dos Açores

Todos os cenários são possíveis na crise sísmica da ilha de São Jorge

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Sismo de maior magnitude ou possível erupção vulcânica

A actividade sísmica em São Jorge, continua “muito acima” dos valores de referência, segundo o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), que não exclui a possibilidade de um evento de maior magnitude ou possível erupção.
“Continuamos com uma sismicidade claramente muito acima daquilo que é o normal para este sistema vulcânico fissural. Já foram registados, desde Sábado, aproximadamente 1800 eventos e destes já foram sentidos 94. Todos os sismos registados na rede do CIVISA são de origem tectónica, até ao momento”, explica o Presidente do CIVISA, Rui Marques.
Segundo o investigador, o facto de a crise “se situar no denominado sistema vulcânico fissural das Manadas leva a que se passe a designar por crise sismo-vulcânica”.
“Temos de colocar todos os cenários possíveis em cima da mesa, não descartando qualquer um, ao nível de protecção civil de planeamento de emergência, de gestão de riscos”, referiu à Lusa Rui Marques, lembrando que se trata de “um sistema vulcânico ativo” que “teve uma erupção em 1580 e outra em 1808”.
O Presidente do CIVISA explicou que, por um lado, há “a possibilidade” da ocorrência de “um sismo com uma magnitude superior” aos eventos que se têm registado em São Jorge.
“Não é necessária muita magnitude para que hajam danos. Estamos a falar de epicentros muito próximos das Velas. E, por outro lado, está a ocorrer esta sismicidade com uma frequência muito elevada num sistema vulcânico activo, o que poderá evoluir para aquilo que é uma erupção vulcânica”, vincou.
Rui Marques sublinhou, no entanto, que o CIVISA continua a proceder “a medições de dióxido de carbono no solo”, acrescentando que neste momento “não” existem alterações “relativamente aos valores do passado”.
No Domingo, seguiram de São Miguel para a ilha de São Jorge quatro investigadores do CIVISA com “a finalidade de aumentar a capacidade de monitorização no local” da crise sísmica, que ocorre numa zona entre a vila das Velas, na zona sul da ilha, e a Fajã do Ouvidor, na costa norte.
Foram transportadas para a ilha duas estações sísmicas que se juntam às duas que já existiam em São Jorge.
“Havendo alguma alteração no sistema ela será comunicada aos órgãos de Protecção Civil”, afirmou, referindo que as populações devem manter “a tranquilidade”, estando “atentas à informação que é veiculada pelos órgãos oficiais”, mas “não se devem dispersar com contra informação que, “por vezes, procuraram noutras fontes que não as oficiais”.
Na Segunda-feira os municípios das Velas e da Calheta activaram os planos municipais de emergência de Protecção Civil.

Protecção Civil prepara-se para todos os cenários

Entretanto, o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) informa que está a preparar medidas preventivas que possam ser adotadas num possível cenário de um sismo de maior magnitude ou de uma possível erupção, resultante da crise sismovulcânica que está a ser registada, desde do dia 19 de Março, na ilha de São Jorge.
Esta preparação está a ser realizada sob a coordenação do SRPCBA, através de contactos com as câmaras municipais de Velas e Calheta, Serviços Municipais de Protecção Civil, Corpos de Bombeiros de Velas e Calheta, assim como com outros agentes de Protecção Civil e entidades com responsabilidade nesta área que possam contribuir para o socorro às populações em caso de necessidade.
De acordo com a informação avançada pelo Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), “todos os sismos até agora registados na ilha de São Jorge são de origem tectónica.
O facto da crise sísmica se situar no denominado Sistema Vulcânico Fissural das Manadas leva a que se passe a designar por crise sismo-vulcânica, devendo ser considerados todos os cenários, incluindo um sismo de maior magnitude ou uma possível erupção”.
Neste momento, já se encontra tambémna ilha de São Jorge um técnico do SRPCBA para reunir com os municípios e prestar apoio.
Paralelamente, está a ser operacionalizado o envio de equipamento de suporte para reforçar a capacidade de resposta da ilha em caso de necessidade.
O SRPCBA apela à população que mantenha a calma, esteja atenta e siga as informações e recomendações difundidas pelas autoridades, não contribuindo para a divulgação de boatos.
O SPRCBA continua a acompanhar a situação, emitindo novos comunicados caso se justifique.

 

Bolieiro cancela viagem ao Brasil

 

 

O Presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, cancelou a viagem esta semana ao Brasil, devido à crise sísmica em S. Jorge, sendo agora a região representada pelo Vice-presidente Artur Lima.
José Manuel Bolieiro escreveu o seguinte na sua página das redes sociais: “Tenho seguido atentamente a crise sísmica que a ilha de São Jorge está a atravessar. Tinha previsto partir na Quarta-feira para o Brasil, em visita oficial, mas dadas as circunstâncias optei por não seguir na comitiva, que será liderada pelo Vice-presidente do Governo. Apelo à compreensão da nossa diáspora no Brasil, que certamente compreende a minha decisão.
Continuo a acompanhar a situação em São Jorge com as entidades competentes. Reitero o que sempre disse a propósito de outras matérias: antes excessivo na prudência que negligente na acção.
Deixo novamente um apelo à serenidade dos jorgenses, e lembro que os boletins informativos sobre a crise sísmica estão a ser disponibilizados no Portal do Governo e no site da PROCIV Azores, pelo que devem seguir as recomendações lá emanadas. Uma palavra também para o trabalho fundamental do CIVISA na análise de todos os dados conhecidos e para o Serviço Regional de Proteção Civil, a postos para qualquer eventualidade”.

Vigilante e atenta

Já anteontem o Presidente do Governo tinha dito não querer “dramatizar”, mas aconselhou a população a estar “vigilante e atenta” perante a crise sísmica.
Vamos sempre acompanhar este evoluir e naturalmente que o Serviço Regional de Proteção Civil, de forma adequada, há de ir prestando a devida informação às populações. Mas, cada pessoa e cada família deve estar vigilante e atenta”, declarou.

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