Protecção Civil já tem preparados corredores  de evacuação na ilha de S. Jorge
Diário dos Açores

Protecção Civil já tem preparados corredores de evacuação na ilha de S. Jorge

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População na expectativa para todos os cenários

A actividade sísmica que se regista desde a tarde de Sábado na ilha de São Jorge “continua acima do normal”, tendo sido “sentidos 20 sismos” desde a noite de Terça-feira e até à manhã de ontem.
Num comunicado sismológico, o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores adianta, citando o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), que a atividade sísmica que se tem vindo a registar desde as 16h05 hora local de Sábado na parte central da ilha de São Jorge, num setor compreendido entre Velas e Fajã do Ouvidor, “continua acima do normal”.
No mesmo comunicado é referido que “vários sismos têm sido sentidos pela população”.
“Desde as 22h00 do dia 22 de Março até às 10h00 do dia 23 de Março foram sentidos 20 sismos”, lê-se no comunicado.
Segundo a informação disponibCilizada, estes eventos tiveram magnitude que variou entre 1,6 e 2,7 na escala de Richter e foram sentidos com a intensidade máxima de III/IV (Escala de Mercalli Modificada).

Preparados cenários
 de retirada

O Secretário Regional da Saúde revelou que o Governo Regional dos Açores está a preparar cenários de retirada de pessoas da ilha de São Jorge, caso a crise sísmica se agrave.
“Estamos a cuidar deste problema em permanência com os melhores técnicos para, no caso de ser necessário, termos a resposta preparada para intervir. Esta resposta tem uma natureza ao nível de necessidade de evacuações e de cuidados de saúde e tudo isto está a ser preparado para, na nossa esperança, não ser necessário”, afirmou o titular da pasta da Saúde nos Açores, Clélio Meneses, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
Segundo Clélio Meneses, que tutela também a Protecção Civil, os utentes internados no Centro de Saúde das Velas, que está mais próximo dos epicentros dos sismos, serão deslocados para o Centro de Saúde da Calheta, na outra ponta da ilha de São Jorge, “no sentido de precaver qualquer situação que torne mais difícil a movimentação, a mobilidade e alguma evacuação”.
Também está a ser identificado, em colaboração com a Câmara Municipal das Velas, “o número de pessoas com mobilidade afetada, para terem uma proteção acrescida”.
Clélio Meneses disse ainda que o Wxecutivo açoriano entrou em contacto a Atlânticoline, empresa pública responsável pelo transporte marítimo de passageiros nos Açores, e com as Forças Armadas “para a necessidade de ser emergente” retirar pessoas.
Já foram enviados meios humanos do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) e do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) para a ilha de São Jorge e estão a ser “preparados bombeiros de outras ilhas para a necessidade de terem de se deslocar” para aquela ilha.

Desaconselhadas viagens
a São. Jorge

Seguiram também para São Jorge “um reboque multivítimas, equipamento de busca e intervenção em estruturas colapsadas, detetores de soterrados, câmaras de buscas e equipamentos de estabilização”.
Ainda de acordo com Clélio Meneses, não há evidências de que haja atividade vulcânica na ilha de São Jorge, mas as entidades têm de estar preparadas para dar “uma resposta adequada”.
Na sequência desta crise sismo-vulcânica e tendo em conta a informação disponibilizada pelo CIVISA, que não exclui possíveis eventos de maior magnitude, o Serviço de Proteção Civil desaconselha deslocações não essenciais para a ilha de São Jorge, incluindo atividades desportivas ou culturais, de forma a não criar constrangimentos adicionais num eventual socorro à população.

Primeiro-Ministro
disponibiliza apoio

O Primeiro-ministro, António Costa, disse ontem que falou com o Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, a quem assegurou a “disponibilidade de todos os meios da República que sejam necessários” para responder à intensificação da atividade sísmica em São Jorge, nomeadamente Forças Armadas e IPMA.
“Mantemo-nos em contacto direto e permanente”, garantiu Costa, na rede social Twitter.

Meios aéreos e barco preparados

O Presidente da Câmara Municipal das Velas, em São Jorge, revelou que foram mobilizados mais meios aéreos para a eventualidade de serem necessários devido à crise sísmica na ilha, além de um navio.
Em conferência de imprensa realizada no concelho das Velas, Luís Silveira referiu que, caso serem necessários, estão “mais um helicóptero e um avião estacionados na Base das Lajes”, além do “navio que está a chegar à ilha de São Jorge”.
Está também a ser preparado um campo militar, que ficará localizado no concelho da Calheta, para o caso de ser necessário.
“Já está a ser preparado o espaço onde vão estacionar as forças militares”, disse o autarca, adiantando que o espaço ficará “dotado das condições necessárias, tais como água e energia, numa coordenação dos serviços municipais da Câmara Municipal da Calheta”.
“O plano que está definido é que as pessoas sejam colocadas todas na zona da Relvinha, Ribeira Seca, sendo que o centro de Saúde da Calheta será o de referência”, declarou Luís Silveira.
O presidente da Câmara Municipal das Velas adiantou também que será na Calheta que “vai ser feita a triagem das pessoas a alojar, a realojar e, eventualmente, a levar para fora da ilha, se chegar-se a esta dimensão”.
O autarca identificou como a “área mais crítica a zona entre as Velas e os Terreiros, onde residem três mil pessoas”, sendo que o concelho tem cinco mil habitantes.
“A parte norte será menos ou não será afetacda, sendo o corredor privilegiado para as pessoas serem deslocadas para o concelho da Calheta”, referiu o autarca.
Luís Silveira afirmou igualmente que está definido que as pessoas vão ser avisadas em caso de evacuação das localidades pelas redes sociais dos serviços municipais de Proteção Civil e pela rádio local e, em caso de falta de comunicação, com o replicar dos sinos nas freguesias.

Bolieiro em São Jorge

O Presidente do Governo dos Açores chega hoje a S. Jorge, onde pretende permanecer junto das populações.
Bolieiro, que cancelou a sua visita ao Brasil, reconheceu ser “preocupante” a atividade sísmica, por ter o epicentro na “massa tectónica da própria ilha e não no mar”, motivo pelo qual estão a ser preparados todos os cenários.
“Em matéria de Proteção Civil, é bom termos um compromisso com a prudência em excesso. Não há, para já, qualquer registo de elevação da manta magmática. Mas, entre os fatos e os cenários projetáveis, temos de fazer um equilíbrio. É uma situação preocupante, pois todo o epicentro destes sismos está na ilha, não está no mar”, observou José Manuel Bolieiro.
De acordo com o líder do executivo, a sismicidade registada “tem sido tectónica”, o que significa que estão a ser “criadas fissuras na rocha” e tal “pode evoluir para uma situação vulcânica”.
 “Abrir fissuras pode permitir que o magma vulcânico encontre, nas fissuras, oportunidade de subir”, observou, notando ter tido, na Universidade dos Açores, uma reunião com o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).

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