Diário dos Açores

Assim…. Sim!

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I. Emendar a mão

“A política faz-se, também, com sinais. O sinal dado através da escolha do elenco governativo é, infelizmente, um mau sinal para a Autonomia.” Esta tinha sido a opinião que exprimi, publicamente, aquando da tomada de posse do atual Governo nacional e dizia respeito ao “esquecimento” dos Açores. Seguramente não terá sido pela minha crítica, mas a verdade é que António Costa lá se decidiu por nomear uma personalidade açoriana para integrar o Governo da República. A escolha recaiu na minha amiga Isabel Almeida Rodrigues. Fiquei, por isso, duplamente feliz. A Região passa a estar representada, ainda que não ao nível que merece. E essa representação é assegurada por um dos quadros mais qualificados do Partido Socialista Açores. A competência, o saber e a experiência política da Isabel dão garantias de êxito na missão que lhe seja confiada. Estou certo de que fará um trabalho que honrará os Açores. Boa sorte, Senhora Secretária de Estado da Igualdade e Migrações!

II. Oposição pelo lado certo

Ser oposição não é uma tarefa fácil. E mais difícil se torna quando se passa à oposição após 24 anos no poder. A mudança de chip não é concretizável mediante um simples estalar de dedos. O PS ainda anda, como seria natural, à procura da afinação certa. O equilíbrio entre a imprescindível crítica e fiscalização ao executivo e a necessária propositura é um desafio complexo. As pessoas têm memória. O PS não pode, nem deve, fazer-se politicamente de morto. Mas também não pode, nem deve, julgar que ainda está onde não está. Nestes últimos dias, o PS surgiu nas notícias a acusar (e bem!) o governo de insensibilidade quanto aos agentes culturais; a acusar o governo de fazer um saneamento político com a extinção (tardia, digo eu) do cargo de provedor do utente; a acusar (e bem!) o governo de abandonar o projeto Terceira Tech Island e a propor um conjunto de medidas de apoio às famílias e empresas açorianas. Ora, no meio de tudo isto, julgo que se encontra o tal equilíbrio. Excetuando a crítica, pouco compreensível face ao histórico, à extinção do cargo de provedor do utente da saúde, a demais atuação política é totalmente acertada. Particularmente, no preenchimento do espaço deixado em aberto pela negligente atuação do governo na resposta à conjuntura atual e futura. O PS fez muito bem em sinalizar publicamente o extraordinário aumento de receita (21 milhões só à conta do IVA) que a Região irá receber e, ao mesmo tempo, a apontar soluções exequíveis e com efeitos no bolso dos Açorianos, designadamente na redução da fatura energética, num apoio extraordinário às famílias em situação de carência e no apoio ao aumento dos custos de produção das empresas. Ora, se na famigerada taxa turística o PS optou por ficar do lado errado, agora está claramente posicionado do lado certo. Espero que para continuar…

Hernani Bettencourt

Jurista 

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