A APAV, através da Rede de Apoio a Familiares e Amigos/as de Vítimas de Homicídio e de Terrorismo (RAFAVHT) acaba de publicar o seu relatório sobre Vítimas de Homicídio em Portugal, relativo a 2021, tendo registado dois homicídios nos Açores.
Um deles, ocorrido a 16 de Setembro do ano passado, diz respeito a um homem que matou a ex-namorada com uma catana, por acreditar que a vítima fazia bruxarias para prejudicá-lo, tendo o crime ocorrido depois do agressor a ter perseguido de carro.
O outro crime ocorreu no dia 20 de Maio, na Ribeira Grande, com um homem que foi assassinado quando ia socorrer o filho.
83 homicídios registados
em Portugal
Estes dois homicídios fazem parte da lista de 83 ocorridos em Portugal em 2021, mas a RAFAVHT elaborou 100 novos processos de apoio: 69 relativamente a familiares e amigos de vítimas de homicídio e de terrorismo na forma consumada e 31 relativamente a situações ocorridas na forma tentada.
No âmbito destes 100 novos processos de apoio foram realizados 954 atendimentos e diligências que visaram prestar a melhor resposta possível a estas pessoas.
Não obstante, e sabendo que muitos destes processos de apoio, pela natureza e implicações dos crimes, afiguram-se como morosos e de especial complexidade, há a assinalar que foram ainda realizados em 2021 701 atendimentos relativos a processos de apoio iniciados desde o ano de 2013 até ao ano de 2020.
Utentes que beneficiam
de apoio são muitos mais
O número de crimes de homicídio consumado e de homicídio tentado é efectivamente menor do que o número de utentes que beneficiaram do apoio da RAFAVHT (i.e. processos de apoio), pois, por cada crime ocorrido, surgem em acompanhamento várias vítimas e/ou vários familiares e amigos/as.
Por outro lado, os atendimentos realizados correspondem a todos os atendimentos (presenciais, telefónicos ou por escrito) ou diligências efetuadas num determinado processo de apoio.
De acordo com as necessidades de cada utente que recorre à APAV, os apoios podem ser de curta duração (intervenção em crise) ou de duração mais prolongada (intervenção continuada) ou então cingirem-se a contactos para pedidos de informações ou esclarecimentos.
Perceber melhor o crime no país
Relativamente ao número de crimes e ao número de autores/as existe também uma discrepância pois verificamos que, no caso dos homicídios na forma consumada, em três situações, o crime foi cometido por mais do que um/a autor/a.
Este estudo tem como objetivos olhar para a globalidade dos homicídios decorridos em Portugal, e dos portugueses mortos no estrangeiro, e compreender a sua diferente dispersão pelos locais, autores, vítimas e motivações.
A intenção é perceber melhor o crime de homicídio em Portugal e que vitimou os portugueses e suas famílias no mundo, para melhorar o apoio que a Rede de Apoio a Familiares e Amigos de Vítimas de Homicídio e Terrorismo da APAV pode prestar.