Diário dos Açores

O serviço dos CTT nos Açores

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Um administrador executivo dos CTT foi ouvido a semana passada pelo parlamento regional, tendo afirmado que a empresa nunca teve intenção de encerrar postos nos Açores.
Segundo António Pedro Silva, está prevista apenas uma transferência de serviços das lojas da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC) para as juntas de freguesia.
Ou seja, numa espécie de eufemismo postal. O que o administrador certamente deixou entender é que, se as juntas de freguesia não assumissem o custo de manter os postos, eles eram encerrados.
O administrador executivo reconheceu mesmo que “não foi possível chegar a um acordo” com a RIAC, gerida pelo Governo Regional dos Açores, por isso foram encetadas negociações com as juntas de freguesia.
Fez bem o Governo dos Açores em devolver aos CTT este custo da presença da empresa na região, mas como as juntas de freguesia substituíram-se à RIAC, vai dar ao mesmo, ou seja, somo nós, contribuintes açorianos, a pagar aos CTT para manter os seus postos nesta região.
Dos 11 postos que funcionavam na RIAC, quatro já foram transferidos para juntas de freguesia e três serão transferidos em julho (Ponta Garça, Ginetes e Achada), estando ainda a decorrer negociações com as juntas de freguesia nos restantes quatro.
A filosofia dos CTT (empresa privada) é muito interessante: enfia as despesas para as autarquias (nós contribuintes) e, no final do ano, distribui os lucros pelos seus accionistas.
E o mais grave deste negócio é que o serviço dos CTT nos Açores degradou-se a olhos vistos desde que a empresa foi privatizada.
Não há cidadão por estas ilhas fora que não se queixe do péssimo serviço dos CTT, sobretudo nas demoras de distribuição.
O referido administrador justifica esta situação com a clássica desculpa, agora muito frequente, das “vicissitudes” provocadas pela pandemia de covid-19
E acrescenta: “Serão casos pontuais, não com muita recorrência, que nós procuraremos mitigar, de modo a que o padrão de serviços seja cumprido”.
Os cidadãos açorianos sabem que não são casos pontuais, mas um padrão repetitivo nos últimos anos, muito antes da Covid.
Como muito bem disse secretário regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública dos Açores, Duarte Freitas, na mesma comissão parlamentar, os CTT estão a prestar um “serviço deficitário” na região, em muitos casos, sem cumprir os “requisitos mínimos”.
Há muito que os CTT vivem em estado de negação nesta região e o regulador só assobia para o lado.
Longe vão os tempos em que os CTT eram uma empresa respeitada e confiável.
Hoje, não cumpre a função como outrora e parte da culpa pode ser repartida com o Governo da República, que em Fevereiro assinou um contrato de concessão por mais 7 anos, sem que, em contrapartida, tenha exigido mais atenção às Regiões Autónomas.
O que não surpreende.
Do Terreiro do Paço, nos últimos anos, só temos recebido promessas e... ingratidão.

Osvaldo Cabral
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

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